Francisco Pinto Balsemão o homem da comunicação social e da política

Morreu o “fundador da democracia”

 |  Alexandra Ferreira  | 

Francisco Pinto Balsemão morreu, ao anoitecer de terça-feira, 21 de outubro, aos 88 anos.

Foi uma figura ímpar tanto da política como da comunicação social. “Fundador da democracia”, “das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos”, como já notaram o primeiro-ministro e o Presidente da República. “Portugal nunca o esquecerá”.

“Portugal nunca o esquecerá”. Foi com estas palavras que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na noite de terça-feira, reagiu ao anúncio da morte de Francisco Pinto Balsemão.

O fundador do Expresso e da SIC, que foi duas vezes primeiro-ministro, figura ímpar na comunicação social e na política, “fundador da nossa democracia”, como lembrou Luís Montenegro, morreu ontem, 21 de outubro, ao anoitecer, de causas naturais.

Tinha 88 anos e um percurso incontornável. Teve (e continuará sempre a ter) um papel determinante no nosso país, marcado pela dedicação à liberdade em geral e à liberdade de imprensa em particular.

Como realça o jornal Expresso, foi advogado, empresário, “patrão dos media”, primeiro-ministro, fundador do PPD (mais tarde PSD) e tantas outras coisas, mas a sua alma era de jornalista.

Ao longo da sua carreira, foi condecorado inúmeras vezes, incluindo por Marcelo Rebelo de Sousa, atual Chefe de Estado, com a Grã-Cruz das Ordens do Infante D. Henrique e da Liberdade, aquando do 50º aniversário do Expresso.

Ao longo da noite foram muitos os que reagiram à sua morte em público e, principalmente, na “menina dos seus olhos”, a SIC, canal de televisão que criou em 1992.

Alguns falaram da firmeza das suas convicções, outros do homem de diálogo, de postura moderada que era, da importância que dava à liberdade e da consciência que tinha sobre os limites do poder, tanto no jornalismo como no exercício político.

Todos, sem exceção, fizeram questão de notar que Francisco Pinto Balsemão foi um dos grandes protagonistas da vida pública portuguesa das últimas décadas.

“PORTUGAL NUNCAO ESQUECERÁ”

Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou Pinto Balsemão “uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos”, notando que “Portugal nunca o esquecerá”.

Ao longo de várias linhas, o Presidente da República descreveu o antigo primeiro-ministro foi um “visionário, pioneiro, criativo, determinado, batalhador, democrata, social-democrata, europeísta e atlantista”, que “esteve em quase todos os combates de meados dos anos sessenta até hoje” e recordou o seu percurso na política e na vida pública, sem esquecer, claro, que foi uma das figuras maiores da democracia e da comunicação social.

“Símbolo dos nossos valores”

Já o primeiro-ministro, Luís Montenegro, recordou o fundador do PPD-PSD como alguém que conseguiu “transformar a vida do país e consumar em decisões políticas os princípios de valorização da iniciativa privada”.

“Fomos sempre muito inspirados nesse ato fundador e é de facto uma notícia muito triste – de alguém que foi sempre muito próximo e presente, até ao fim. Sempre com uma palavra amiga, de estímulo, apreciação e análise que em todas as campanhas eleitorais, todos os momentos de reflexão, nunca escondeu os seus pontos de vista e muitas vezes nos espicaçava para aprofundarmos a social-democracia à luz daquela que é a situação hoje do país, da Europa e do mundo”, afirmou.

Montenegro lembrou ainda Balsemão como alguém, que como primeiro-ministro e líder do PSD, conseguiu “transformar a vida do país e consumar em decisões políticas os princípios de valorização da iniciativa privada, os princípios de respeito pelos valores e direitos fundamentais dos cidadãos, o acesso à saúde, o acesso à educação, o acesso à mobilidade, o acesso à habitação, como instrumentos de dignidade da pessoa e de promoção de uma verdadeira igualdade de oportunidades”.

“Esses princípios são ainda da matriz identitária do PSD e, portanto, é com profundo pesar e muita, muita tristeza que nós recebemos esta notícia”, disse.

O líder do PSD sublinhou o papel de Pinto Balsemão, “fundador da democracia”, na formação de uma “comunicação social livre” em Portugal.

“Democracia, AR e país prestam-lhe tributo”

O presidente da Assembleia da República afirmou que a democracia portuguesa, o parlamento e o país prestam tributo a Francisco Pinto Balsemão, considerando que impressionou Portugal com a sua energia, sagacidade e espírito de inovação.

“Até ao fim dos seus dias, Francisco Pinto Balsemão impressionou o país com a sua energia, sagacidade e espírito de inovação. A democracia, o Parlamento e o país prestam-lhe tributo e agradecem a sua vida de serviço público”, referiu na nota de pesar publicada no site oficial da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

“Um dos grandes vultos da política e sociedade”

Por sua vez o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros relembrou Pinto Balsemão como “um homem livre” e “um dos grandes vultos da política” portuguesa dos últimos 60 anos.

Paulo Rangel salientou ainda o “papel decisivo” de Balsemão na revisão constitucional e na lei de imprensa.

Balsemão “foi uma personalidade incontornável dos séculos XX e XXI”

Em declarações ao canal NOW, o ministro da Defesa e presidente do CDS-PP, Nuno Melo, considerou que o antigo primeiro-ministro “foi uma personalidade incontornável dos séculos XX e XXI”.

Ainda não há informações sobre as cerimónias fúnebres. Sabe-se apenas que o Governo pretende decretar um dia de luto nacional para a data do funeral de Francisco Pinto Balsemão.

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Revista Caras

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