PJ recaptura os fugitivos de Vale de Judeus.
O primeiro fugitivo a ser recapturado foi Fábio Loureiro, em outubro. Seguiu-se Fernando Ribeiro Ferreira, em novembro, e Shergili Farjiani, em dezembro. Agora, foram detidos Rodolfo José Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer.
Rodolfo José Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer, os últimos dois evadidos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, foram recapturados na quinta-feira, dia 6, em Alicante, Espanha, após quase cinco meses em fuga.
Antes de Lohrmann e Roscaleer, a Polícia Judiciária (PJ) conseguiu deter Fábio Loureiro, Fernando Ribeiro Ferreira e Shergili Farjiani, em colaboração com as autoridades de Marrocos, Itália e Espanha.
A fuga e a captura
A fuga de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho da Azambuja, ocorreu a 7 de setembro de 2024, quando cinco reclusos conseguiram subir o muro da cadeia por uma escada lançada do exterior.
Do total de cinco evadidos, dois são portugueses – Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Loureiro – e os restantes estrangeiros: Shergili Farjiani, da Geórgia, Rodolf José Lohrmann, da Argentina, e Mark Cameron Roscaleer, do Reino Unido.
Têm idades entre os 33 e os 61 anos e cumpriam penas entre os sete e os 25 anos de prisão (pena máxima) por tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.
Fugitivos estavam em Marrocos, Portugal, Itália e Espanha
Fábio Loureiro, de 34 anos, foi o primeiro fugitivo a ser detido. Foi localizado pela PJ a 6 de outubro na cidade marroquina de Tânger, para onde terá conseguido fugir com ajuda de um outro português.
Foi através da namorada que as autoridades chegaram ao seu paradeiro, que, sem saber que estava a ser vigiada durante 24 horas, o visitou em Tânger.
O português, natural do Algarve, cumpria uma pena de 25 anos por vários crimes, entre eles rapto, tráfico de estupefacientes, associação criminosa e roubo à mão armada e entrou no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus a 28 de março de 2023, após ser transferido do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz (Grândola).
Fábio Loureiro, conhecido como ‘Terror do Algarve’ foi o primeiro dos cinco fugitivos de Vale de Judeus a ser capturado. Foi a companheira quem ‘levou’ as autoridades até Marrocos, onde este estava escondido.
O segundo capturado estava em Trás os Montes
Mais de um mês depois, a 22 de novembro, a Polícia Judiciária anunciou a recaptura do segundo português. Fernando Ribeiro Ferreira, de 61 anos, foi detido numa pequena aldeia de Trás-os-Montes e, quando foi abordado pelas autoridades, ainda “tentou a fuga”, mas “não houve qualquer hipótese de sucesso”.
O homem estava sozinho em casa durante a detenção e, na sua posse, tinha uma arma com um silenciador e equipamentos tecnológicos que lhe permitiam comunicar sem ser intercetado, indicou a PJ numa conferência de imprensa.
Com uma “extensa carreira criminal”, Fernando Ribeiro Ferreira, cumpria uma pena de prisão de 24 anos por onze condenações, incluindo associação criminosa, homicídio, rapto, roubo à mão armada, tráfico de estupefacientes e detenção de arma proibida.
Antes de ser recapturado, Fernando tentou fugir mas “não teve hipótese”.
O diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, e a diretora da Unidade Nacional Contraterrorismo, Manuela Dinis dos Santos, revelaram novas informações sobre a detenção de Fernando Ribeiro Ferreira.
O georgiano estava no norte de Itália
A 10 de dezembro, a PJ anunciou a detenção do terceiro fugitivo, que foi também o primeiro estrangeiro a ser recapturado. O georgiano Shergili Farjiani, de 40 anos, foi detido durante uma operação na cidade de Pádua, no norte de Itália, após “um persistente, complexo e ininterrupto trabalho de investigação e de recolha de informação”.
Cumpria sete anos de prisão pela prática de crimes como furto violento e falsificação de documentos. Deu entrada naquele estabelecimento prisional a 8 de fevereiro de 2021, transferido do Estabelecimento Prisional do Porto.
Os últimos dois…
Passados cerca de dois meses desde a última recaptura – e cinco meses após a fuga -, a Polícia Judiciária revelou que “os dois últimos evadidos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, Rodolfo José Lohrmann, de 59 anos, e Mark Cameron Roscaleer, de 35, foram, hoje, detidos em Alicante, Espanha, pela Polícia Nacional”.
Em comunicado, a autoridade indicou que a recaptura ocorreu “depois de um persistente e ininterrupto trabalho de recolha e de troca de informação da Polícia Judiciária (PJ) com as autoridades espanholas”.
Rodolf José Lohrmann foi condenado por associação criminosa, furto e falsificação a 18 anos e 10 meses de prisão e deu entrada no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus a 6 de março de 2024, transferido do Estabelecimento Prisional de Monsanto.
Já Mark Cameron Roscaleer foi condenado a nove anos de prisão por roubo e sequestro. Deu entrada em Vale de Judeus a 12 de agosto de 2020, transferido também do Estabelecimento Prisional de Monsanto.
As reações políticas…
Presidente da República e o Governo congratularam-se com recapturas
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, congratulou-se com a notícia da captura dos dois últimos reclusos, considerando que “é bom que a justiça funcione assim”.
“É uma boa notícia para a justiça, é uma boa notícia para os portugueses, porque acabou por suceder muito mais rapidamente do que alguns pensariam, e é bom que a justiça funcione assim”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, após questionado pelos jornalistas, em Praga, no fim da sua visita oficial à República Checa.
Também a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, se congratulou com a recaptura dos reclusos, sublinhando que “é muito gratificante ver que, cinco meses depois da fuga de cinco reclusos perigosos de Vale de Judeus, todos foram recapturados”.
Rita Alarcão Júdice acrescentou que nunca perdeu “a confiança na Polícia Judiciária [PJ] e nos frutos do esforço de cooperação internacional”.
Também o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, agradeceu hoje à Polícia Judiciária pelo trabalho feito na recaptura.
Em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, o governante disse que as forças de segurança funcionaram, são uma “razão de orgulho” para os portugueses e “ajudam a tornar Portugal mais seguro”.
Por Lusa