O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, pediu à China a libertação do Panchen Lama, 30 anos depois do número dois do budismo tibetano e responsável pela nomeação do próximo Dalai Lama ter desaparecido.
“Dias depois de o Dalai Lama ter designado este jovem como um importante líder budista tibetano, as autoridades chinesas raptaram-no a ele e à sua família”, afirmou, no domingo, o secretário de Estado norte-americano, em comunicado.
“Não foram vistos desde então. As autoridades chinesas devem libertar imediatamente Gedhun Choekyi Nyima e parar de perseguir os tibetanos pelas suas crenças religiosas”, acrescentou Rubio.
O Governo chinês e os seguidores do Dalai Lama, a figura máxima do budismo tibetano, têm-se desentendido sobre quem deve ocupar o cargo de Panchen Lama desde que Gedhun Choekyi Nyima, então com seis anos, desapareceu em 1995 e foi aprovado um candidato apoiado pela China para o cargo.
O Dalai Lama, considerado por Pequim como um perigoso separatista, denunciou a mudança e recusou-se a reconhecer o atual Panchen Lama, considerado o número dois da religião e responsável pela procura do sucessor do atual Dalai Lama.
O Exército Popular de Libertação da China entrou no território em 1950 e o Dalai Lama fugiu para a Índia nove anos mais tarde, durante uma revolta contra o domínio chinês.
A China defende que o Tibete faz parte do seu território há séculos, mas muitos tibetanos dizem que foram independentes durante a maior parte desse tempo.
Em 08 de maio, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que condenava o rapto de Gedhun Choekyi Nyima, bem como as políticas de repressão e assimilação da China na região autónoma do Tibete.
O texto apelou ainda a sanções e a uma investigação independente para esclarecer as circunstâncias da morte no Vietname do líder religioso tibetano Tulku Hungkar Dorje, que foi detido no final de março por agentes chineses e vietnamitas.
Pequim protestou então contra a medida e apelou ao Parlamento Europeu para parar de “enviar sinais errados às forças separatistas”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu então que “o Parlamento Europeu enfrente os factos e compreenda plenamente a seriedade e a sensibilidade das questões” ligadas ao Tibete.
Em resposta à crescente pressão internacional das Nações Unidas, de governos de vários estados e, em 2020, de 159 organizações independentes de 18 países que trabalham com as Nações Unidas, em 19 de maio de 2020, o governo chinês alegou que o Panchen Lama é “agora um licenciado com um emprego estável”, mas não forneceu provas de apoio.
O governo chinês continua a recusar a libertação do Panchen Lama e da sua família, ou a permitir que se encontrem com observadores.