Contou a arquitecta Helena Roseta em conversa com a jornalista

“Eu chegava a casa e o telefone estava no caixote do lixo”

 |  Alexandra Ferreira  | 

Filhas de Pedro e Helena Roseta respondiam aos ´haters´ com o telefone no lixo

Ao chegar a casa, Helena Roseta encontrou um dia o telefone no caixote do lixo. Foi a resposta das filhas aos insultos que recebiam constantemente por conta da atividade política dos pais, antes da invenção das redes sociais.

“Antes de haver os ‘haters’ de agora nas redes sociais, já havia ´haters´ lá para casa, que telefonavam a insultar o tempo todo e nós fazíamos imensas anedotas, arranjávamos anedotas ao telefone de cada vez que ligavam a insultar”, contou à Lusa Filipa Roseta, atualmente vereadora na Câmara Municipal de Lisboa (PSD).

Aos pais, nada diziam. “Não percebíamos nada do que se estava a passar, só ouvíamos os insultos: ´a mãe fez isto, o pai fez isto´”, recordou Filipa Roseta, ao contar que chegavam a deitar o telefone no caixote do lixo, depois de informar o autor do telefonema – “Olhe, para si, o lixo!”.

“Eu chegava a casa e o telefone estava no caixote do lixo”, confirmou a deputada constituinte Helena Roseta, durante uma conversa com a Lusa, realizada na biblioteca do parlamento, em que participaram duas das três filhas, Filipa (52 anos, arquiteta) e Catarina (54 anos, investigadora na área do ambiente), bem como o constituinte Pedro Roseta.

“Elas ajudaram muito e vieram a saber, muitos anos depois, que havia, como há nestas coisas da política, sujeitos que telefonavam lá para casa a insultar”, referiu Pedro Roseta, que exerceu vários mandatos como deputado do PPD-PSD, desde a Assembleia Constituinte, participou em revisões constitucionais e foi ministro da Educação, entre outras funções.

Helena Roseta foi igualmente eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo PPD, do qual se desvinculou mais tarde para apoiar a candidatura do socialista Mário Soares à Presidência da República.

“Já havia pessoas que faziam isto. É extraordinário. Dedicavam-se a telefonar para as pessoas a insultá-las. Agora falamos das redes sociais, que ainda é uma mensagem. Havia pessoas que se davam ao trabalho de ligar”, sublinhou Filipa Roseta. “Os números estavam todos na lista telefónica”, acrescentou a irmã Catarina.

Na ausência dos pais, as três irmãs atendiam o telefone. “Ríamos à grande”, confessou Filipa Roseta, perante o sorriso orgulhoso do pai: “Elas protegeram-nos ali, tiraram-nos uma preocupação…despachavam assunto”.

“Divertíamo-nos muito. Lembro-me de nos divertirmos com isto e de pensarmos – o que vamos fazer agora? Nada disto para nós foi pesado ou traumático”, garantiu a filha mais nova de Pedro e Helena Roseta. “Para nós, tudo isto era normal. Era estúpido, mas era normal e aproveitávamos para nos divertir”.

“Às vezes as pessoas falam nos casais, mas costumo dizer que éramos uma equipa de cinco; nós os dois, mais as três filhas!”, assegurou o pai.

*** Ana Mendes Henriques (texto); agência LUSA***

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