Editorial

Alexandra Ferreira (Diretora)

Quem nos garante que amanhã estamos vivos?

15 Set. 2025

A nossa sociedade está cada vez mais violenta, mais intolerante, mais mortífera. É verdade. Mas nada se compara com os EUA onde criminosos lunáticos andam no meio de gente pacífica que só quer fazer a sua vida tranquilamente e sem chatices.

Não vou ligar nenhuma se Charlie Kirk era um extremista de direita, se tinha ideias racistas ou homofóbicas, se era adepto de armas ou ativista político MAGA. Considero-me uma boa ouvinte e sei o que quero ou não para a minha vida. E assim deviam ser todos. Comunicar é preciso, e Kirk fazia-o sem bater em ninguém, sem obrigar seja quem for a ouvi-lo. Muitos podiam não gostar do que defendia nas suas ideias, mas isso, a porta é a serventia da casa. Não se gosta, não se ouve, não se participa ou então argumenta-se e debate-se. Agora… agarrar numa arma e matar só porque não gosto das ideias do outro? Mas então já não se pode falar abertamente das coisas, sejam elas boas, más ou diferentes? Será que ainda sabemos o que é democracia? Será que já não vale nada a velha máxima ‘ganhar ou perder é desporto’?”

Não, não podemos receber com balas a opinião dos outros. É errado, esquizofrénico e não tem nada a ver com humanidade ou política. Tem a ver com crime puro e duro. E o lugar dos criminosos é em prisões.

Estaremos todos a perder a empatia e a considerar perigosos inimigos os amigos que defendem ideias diferentes das nossas?

IRYNA ZARUTSKA FOI MORTA POR ABSOLUTAMENTE MOTIVO NENHUM

Foi um negro que a matou. Mas podia ser branco, amarelo ou castanho. Mais uma vez, um jovem mentalmente afetado e já conhecido da polícia, esfaqueou à queima roupa uma jovem de 23 anos numa carruagem do metro de Charlotte, na Carolina do Norte, EUA. Um verdadeiro horror! Tudo filmado. A jovem nem se apercebeu do que lhe tinha acontecido. Até cair morta no chão da carruagem debaixo do olhar de todos.

Ninguém se mexeu, ninguém a defendeu, ou ninguém se apercebeu? Que raio de sociedade tão pouco empática… Apenas duas pessoas, uma jovem branca e um jovem negro correram a socorrê-la mas não conseguiram estancar o sangue.

Chamava-se Iryna Zarutska, era formada em arte e restauro, por uma faculdade de Kiev e, estava a aprimorar o inglês para se tornar assistente de veterinária. Uma vida foi interrompida por pura maldade que merece ser contada.

Iryna era refugiada ucraniana e foi brutalmente esfaqueada no metro em Charlotte, por um homem destituído de empatia ou qualquer humanidade. Fugiu da guerra na Ucrânia em busca de segurança nos Estados Unidos, em vez disso, encontrou a morte num banco de um transporte público com gente lá dentro. O vídeo do ataque, divulgado pela polícia, gerou indignação na redes sociais. O assassino, Decarlos Brown, de 34 anos, foi preso e enfrenta acusações de homicídio em primeiro grau. Autoridades locais e nacionais, incluindo o presidente Trump, condenaram o incidente, à medida que cresce a pressão para reforçar a segurança nos transportes públicos americanos.

O que impressiona mais no vídeo é que os que estão ao lado e atrás, não têm consideração alguma nem mesmo quando ela está caída no chão. Quando o sangue começa a correr no chão houve logo quem viesse socorrer. Dois jovens, uma rapariga e um rapaz que chegou a despir a camisa para tentar estancar a hemorragia. Uma cena que dá alguma esperança de que nem todos os jovens são iguais. Também há os empáticos e preocupados com o seu próximo. 
Iryna morreu sem entender o que lhe tinha acontecido. E o mais perturbador, para mim, foi quem estava bem perto e fingiu não ver.
Iryna Zarutska não tinha carta de condução e dependia do transporte público para ir e voltar do trabalho. Segundo o advogado da família, ela estava nasa aulas de condução para tirar a carta e faria o teste em outubro. “Ela estava orgulhosa porque tinha acabado de comprar um carro.” No dia do incidente, Iryna estava a apenas dez minutos da Estação 36, onde deveria descer. Na altura em que foi esfaqueada tinha acabado de enviar mensagem ao namorado a avisar que estava quase a chegar a casa. Mas nunca chegou.
Quando a guerra eclodiu na Ucrânia, a foi forçada a deixar tudo para trás em busca de segurança e um futuro em paz. Em 2022, chegou aos Estados Unidos em busca um recomeço. Os vizinhos lembram o sorriso gentil dela enquanto passeava os animais de estimação e, os amigos relembram a generosidade através de presentes artesanais, esculturas e roupas que ela mesma fazia. Era uma apaixonada por animais e pela vida mas Iryna está morta. Morreu assim, sem mais nem menos, sem uma razão.
No fim, continuo sem entender como é que os tribunais americanos deixam à solta um homem visivelmente perturbado e cuja mãe pediu que fosse internado e preso diversas vezes. Como é possível deixarem um maluco criminoso à solta entre gente normal?

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