O Bejinha em Sines é o melhor restaurante de peixe de muitas léguas em redor. Dispensando apresentações, e não tendo grande aparato de apresentação, longe de decorações estilosas ou modernaças, atrevo-me até a dizer que é daqueles locais que se vai lá de propósito só para comer um bom peixe, grelhado de preferência, por quem domina a arte do fogareiro, do tempero com medida e do ponto da assadura. É uma referência gastronómica que não se deve falhar.
Esta semana comi lá um mero preto que estava de chorar por mais. Nunca tinha provado tal peixe, mas fiquei fã. Uma delícia na textura, um requinte no sabor, e uma leveza na simplicidade do tempero. Para terminar o repasto, o Bejinha trouxe-nos depois uns “lagartinhos”, que são de uma outra parte do peixe e que na verdade no seu tamanho e forma se assemelham ao que habitualmente do porco nos servem com mesmo nome. Acontece que estes “lagartinhos” acordam todas as papilas gustativas, por mais adormecidas que estejam ou esquecidas dos sabores autênticos.
As boas refeições, claro está, sabem melhor se forem acompanhadas por bons amigos. O João e Pedro são os meus grandes convivas nestas andanças, e com eles à mesa flui a descontraída a fraternidade regada, desta vez, e da anterior também, por um grande reserva branco da Quinta Ferreira de Baixa, propriedade da família da Pedro, e que não se encontra à venda nos supermercados, mas cuja qualidade é de um nível muito superior à mediania imposta pela massificação.
Para além de toda a publicidade, e da alegria que é estar com os amigos, planeio já uma próxima ida à doca dos pescadores em Sines para ao Bejinha voltar. Tanto mais que, assim como não puxa carroça, peixe também não engorda.