Dois voluntários foram mortos quando foram alimentar os animais sobreviventes no Feldman Ecopark, localizado na vila de Lesnoye, região de Kharkiv, na Ucrânia.
Dias antes as suas instalações foram atingidas e danificadas pelos combates recentes naquela zona e já tinham morrido alguns animais.
“Ontem (dia 8 Março) houve um desastre no nosso Ecopark. Duas pessoas morreram depois de se deslocarem ao ecopark para ajudar a alimentar os animais. Faziam-no uma vez a cada três dias. Os dois voluntários morreram atingidos por um morteiro e fogo automático”, lamentou o dono do Feldeman Ecopark, Alexander Borisovich Feldman.
E acrescentou choroso que “não tenho palavras” para tanta violência. “Memória eterna aos mortos, as mais sinceras condolências aos familiares e amigos. Definitivamente, os ocupantes vão pagar por este crime!” – garantiu revoltado.
Alexander diz estar com um enorme problema que tem de resolver mas ainda não sabe de que forma: “Estamos a fazer de tudo para salvar os animais que restam no Ecopark e não para colocar em perigo as pessoas. Tendo em conta o que está a acontecer atualmente na Ucrânia este é um problema. Mas é de resolver problemas que consiste a nossa grande Vitória”, reclama.
Dias antes o responsável por este parque natural dava conta nas redes sociais que tinham sido atingidos: “Alguns animais ficaram feridos, alguns morreram”, escreveu o responsável do zoológico no Facebook. “A luta está acesa na área do Ecopark, então, infelizmente, as perdas de animais ainda não são definitivas.”
Além disso, o local está com problemas de comunicação e energia, devido aos ataques.
Macacos, porcos-espinhos, guaxinins e dois lobos vermelhos fugiram do local após os vidros de proteção se estilhaçarem com os bombardeamentos.
Apenas os lobos não foram ainda recuperados e o zoo pediu que a população avisasse caso eles fossem vistos porque estes não representam perigo para os humanos.
“Infelizmente após o bombardeamento, alguns dos ecrãs de vidro nos primatas e pequenos predadores foram danificados e os animais assustados começaram a correr para fora dos recintos”, escreveu Alexander Feldman, proprietário do eco parque.
“Macacos, porcos-espinhos e guaxinins conseguiram regressar”, garantiu, adiantando: “Um par de lobos vermelhos deixaram o território de Feldman Ecopark. Tentamos atraí-los com isco, mas os animais não nos deixaram chegar perto”.
Alexander avisa os habitantes para não terem medo “da palavra lobo.”
“Não tenha medo da palavra do lobo! Estes são animais do tamanho de fox-terrier e permanecem juntos. Não representam perigo para os humanos. Os animais estão assustados e têm grande mobilidade. Muito provavelmente vão procurar alimentação nas latas de lixo”, explicou.
“É difícil apanhá-los pois estão muito assustados. Por favor, se virem algum destes animais tipo raposa, avisem-nos através do nosso Facebook ou Instagram. Com horário e endereço. Na medida do possível vamos tentar mandar pessoas para salvar os animais. Pelo sim pelo não, não se aproxime e não tente apanhá-los você mesmo, eles são, embora pequenos, predadores, e estão muito assustados”, esclarece.
Também vai dando conta de animais desaparecidos: “Quanto aos rumores sobre os tigres desaparecidos, é falso. Todos os tigres estão no parque. No primeiro dia libertámos veados e alces na área arborizada do parque para lhes dar mais liberdade de movimento e sentirem-se mais protegidos contra os tiros.”
NASCEU UMA CRIA NO MEIO DOS BOMBARDEAMENTOS!
Mesmo sob bombardeamentos intensos e rajadas de balas a cruzarem-se no espaço da reserva particular do Feldam Ecopark, nasceu um bebé ‘kiang’ que foi um dos maiores incentivos para continuarem o trabalho com os seus animais.
“Não podemos ser vencidos! Um bebé kiang nasceu sob bombardeamento em Feldman Ecopark!
Aconteça o que acontecer, a vida continua. Pequenos ucranianos nascem em esconderijos… em Feldman Ecopark, sob bombardeamentos e sirenes enlouquecedoras nasceu um bebé kiang”, congratulou-se este amante da vida selvagem.
“Sabíamos que a fêmea estava grávida mas ninguém esperava que o bebé nascesse tão cedo. Tanto a mãe como a cria estão bem. Ela deu a luz sozinha e fora da nossa vista”.
“Quando os funcionários foram alimentá-la, a cria já corria ao lado da mãe. Nasceu durante a noite”, disse.
Os pais do recém nascidos kiang vieram do Zoológico de Riga. “Agora nesta “família europeia” há um orgulhoso ‘cidadão’ de quatro patas de Kharkiv. Ou um residente de Kharkov.”
“Ainda não sabemos o sexo da cria, nem temos nome para lhe dar. Esperamos que os residentes de Kharkov nos ajudem a dar-lhe um nome”, escreveu.
O kiang é um familiar próximo do kulan, ligeiramente maior e tem semelhanças com o cavalo.