Quantas vezes não damos convosco a seguir, fascinados, o voo duma ave.
O suave bater das suas asas, comanda a altitude e o sentido; em ágeis saltos de bailarina, sobe e desce, ao som da música do vento, pela batuta do tempo e pela fôrça do seu querer. Ao planar, tal como pincel de um artista, desenha quadros, de luz e de côr.
Ela ,a Ave, sabe bem que é contra o vento que terá de subir, e que contra ele deverá também pousar, para ser em segurança.
Que bela imagem nos dá, o voo dum Pássaro! Foi a observá-lo que o homem aprendeu; invejoso, e não
tendo de facto asas, construiu umas; e não tendo igualmente força para as mover, criou essa força, e
voou, não talvez com a elegância natural do pássaro, mas usando, como devia, a sua capacidade criativa, com base no que o pássaro, a cada passo, lhe ensinou.
E contudo, o homem até podia voar sem asas: sempre o conseguiu fazer, nas asas do pensamento, que essas sim, teve sempre ao seu dispor. Dessa forma pode cruzar, a qualquer altura todos os cenários, ver e sentir, sem falar sequer, as coisas do seu mundo, ou voar nos espaços da sua própria vida: pode até, por que não, voar na imensidão do mudo que o cerca, empurrado pelo sonho.
Todos nós de quando em vez o fazemos, com mais ou menos sensatez, com maior ou menor intensidade; move-nos o vento do desejo, ou da necessidade.
Quando pousamos desses voos sem asas, estamos sempre no sítio da partida, mas a viagem fez-se.
Fazê-la é saudável quando percurso é sensato, ou consolador quando é terna a intenção, mas sempre
perigoso, quando somente a ambição ou a fantasia, o determinem.
Mas também o é para o Pássaro…mesmo com asas!
O meu pensamento sobre o tema:
“Voar sem asas, é um comum exercício,
que todos experimentamos na vida.”