Esta velha expressão popular, merece uma leitura mais profunda, e a altura é própria.
Fazer Vida de Rei, significa no entendimento popular, levar vida fácil, flauteada, onde nada aparentemente falta, e tudo corre de feição, sem preocupações diárias nem futuras.
Teria sido assim, talvez em tempos que já lá vão, mas tenho duvidas, porque em meu entendimento, vida de Rei é tudo menos fácil, para quem o é a sério, ainda que se tenha em conta os palácios, as multidões, e as mordomias da praxe.
O mundo sabe que morreu Isabel, a menina que não estava destinada a ser Rainha, mas acabou sendo a
soberana que mais tempo esteve no seu cargo e seguramente foi, a mais conhecida em todo o Mundo.
E é claro que não teve vida fácil; trocou a vida própria pela vida daqueles a quem servia, e tanto na sua como na dos outros, sobre ela caiu o peso da decisão difícil, e esteve constantemente presente a enorme
responsabilidade da missão.
Cada gesto teve de ser medido, para não sair do corretamente esperado, cada gargalhada pensada,
cada trajo desenhado, não a seu gosto, mas a conselho.
Poucos teriam sido os momentos pessoais verdadeiramente livres, e mesmo esses, foram certamente seguidos e escrutinados.
Mesmo nas monarquias modernas, mais libertas do formalismo tradicional, o protocolo marca presença, e um Rei não pode ser ele próprio, mas aquilo que se espera que seja, sempre sóbrio, sábio e recatado.
As mordomias que tem, não pagam esse espartilhar da liberdade pessoal. E por tal motivo, não são poucos os Reis que trocam o prestígio do seu dever por um singelo amor proibido. E conta a história que foram felizes para sempre.
Por isso penso que vida de Rei, a tal vida flauteada, como a refere o povo, não é para quem nasce para ser Rei e cumpre o seu destino, sob o olhar atento, crítico e quantas vezes injusto, de quem não é rei e gostaria de sê-lo.
Quanto á Vida do “rei plebeu”… quem a tem chama-lhe sua, e se calhar, bem vistas as coisas, lá terá também o seu senão…
Este é o meu pensamento da semana:
“A liberdade pessoal vale mais do que um Reino!”