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Monteiro Cardita
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Uma Páscoa ao sol do sul

Comido o cordeiro ou o borrego, mais uma páscoa se passou e o verão está aí não tarda nada.

A primavera está linda em flor nos campos verdes e nos areais dourados e debruados a espuma das praias cheias de variada e ruidosa gente.

O tempo corre veloz, a uma velocidade estonteante, como nunca se viu igual, alimentado na fornalha dos anos por uma pandemia no mundo inteiro e nos dias por uma guerra apenas no solo europeu, por ora.

Em busca de vitamina D nesta quadra rumei de novo ao sul da amada pátria para apanhar o máximo de sol e matar saudades das paisagens de sempre, as mesmas tantas vezes percorridas, que até chego a conhecer de cor a forma do enrolar de cada curva da estrada, da estrada de uma vida sempre a circular em volta do mesmo enleio matricial.

De praia em praia em praia, de esplanada em esplanada, de conversa em conversa, de amigos em amigos, foram feitos os dias de mais esta passagem em que se brindava com o tinto e o branco alegremente à vida, entre uma variada profusão de manjares, mas com remorsos, como se houvesse culpa, e até peso moral, por outras realidades bem mais duras de vivenciar do que esta mansidão de viver numa paz dada por adquirida em que tudo está quase sempre certo e muitas vezes parece perfeito.

Arrepiou-me nestes dias uma reportagem dos cenários da guerra que lavra em que uma idosa em desalento narrava que tinha ficado sem nada. E agora sem forças também é a esperança que se esvai por entre uma carnificina em que a barbárie é a lei.

Felizes aqueles que como nós, apesar das contrariedades, dos dissabores, dos contratempos, dos desgostos, das desventuras, das adversidades, das desditas, dos azares e das sortes, têm por certo um amparo, um auxílio ou um aconchego de um lar, de uma família e também de um Estado que garante mínimos de proteção e dignidade humana a todos e a cada um.

 

Créditos Imagem:

Unsplash

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