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Monteiro Cardita
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Um dia de Domingo na Costa da Caparica

Em dias de calor extremo recordo uma ida infernal à praia na Costa da Caparica.

Ainda não são dez horas da manhã de domingo e já todos os acessos à ponte 25 de Abril se encontram completamente atafulhados de carros com engarrafamentos de quilómetros.

Dentro da viatura, mesmo com o ar condicionado ligado, assa-se só de imaginar o calor que já faz lá fora.

No desespero do para arranca acontece um toque entre três carros e arma-se logo um trinta um de triângulos a assinalarem a ocorrência, o que vai demorar ainda mais a chegada ao tabuleiro da ponte pois é preciso contornar o obstáculo que impede a circulação em uma das vias. Já em cima do tabuleiro novo acidente e tudo volta a emperrar, retardando a circulação, que se faz lenta ou lentamente.

Duas horas depois, ultrapassada esta faixa de dificuldades, lá se consegue entrar na via rápida da Costa que, para variar, está completamente congestionada de trânsito e entramos outra vez na situação de para arranca, mas desta feita com os nervos completamente em frangalhos. Até chegar ao cruzamento para as praias conta-se mais uma hora bem contada.

 

 

 

 

 

Na terra batida de acesso direto às praias consta-se que nem devagar se vai ao longe porque não se consegue avançar com o carro para lado nenhum pois são milhares a demandarem o mesmo percurso.

Deixada para trás mais esta dificuldade, finalmente chega-se à praia, não sem antes passar pelo bar para molhar a garganta numa imperial bem gelada.

Por fim, volvidas várias horas desde a saída de casa, lá se chega ao grande areal, onde é quase preciso pedir licença para se pousar a toalha e abrir o chapéu de sol.

 

 

 

 

 

As pessoas tendem a amontoar-se junto umas às outras por pura preguiça de fazerem uma caminhada na areia em busca de zonas de ocupação menos densas ou talvez sejam animadas por um sentimento subtil gregário que as impede de estarem sozinhas.

Toalha estendida é chegada a hora de apanhar um pouco de sol antes do mergulho no oceano. Mas, é sossego de pouca dura, pois ao lado levantam-se das respetivas toalhas um pai e o seu filho adolescente para jogarem raquetes à beira mar mesmo junto ao sítio onde decidimos assentar arraias.

 

 

 

 

 

 

E não há barulho mais irritante do que a bola a bater nas raquetes de madeira, que logo abafam o tranquilizante marulhar.

Nisto passam as bolas de Berlim a toque de campainha, às quais, apesar da dieta, ninguém resiste pelo menos uma vez por ano. Em paralelo lá nos vêm tentar impingir óculos de sol, artesanato africano e vender águas frescas e gelados.

Contrariando a tendência do dia, a temperatura da água era a adequada para refrescar sem se sair enregelado do oceano, não havia vento, antes corria uma leve brisa que sabia bem ao roçar-nos pele.

 

 

 

 

 

 

E ali se foi ficando no remanso até quase cair noite de modo a não se apanhar muito trânsito no regresso a Lisboa, mas para nosso enorme desespero voltamos a ter enormes filas à saída da praia, o mesmo acontecendo na via rápida e não faltou o toque no tabuleiro da ponte.

Naquele dia ficou decidido e jurado nunca mais fazermos praia ao fim de semana nas praias da margem sul.

Créditos Imagem:

Unsplash

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