Os Arquivos Nacionais e Administração de Documentos (NARA) apreenderam em Mar-A-Lago as “cartas de amor” de Kim Jong Un para Trump.

Nos Estados Unidos da América, Donald Trump foi outra vez notícia depois do Washington Post ter revelado que o ex-presidente americano “removeu indevidamente várias caixas da Casa Branca” que continham papéis e outros registros de sua presidência que deveriam ter sido entregues aos Arquivos Nacionais sob a Lei de Registros Presidenciais de 1978.

A NARA, entidade que cuida dos ‘e-mails’, das cartas e de outros documentos de trabalho dos ex-presidentes norte-americanos, além do prejuízo  teve de ir à Florida recuperá-los. Para a classe política “ao registro histórico causado pela falha do ex-presidente em preservar legalmente documentos que detalham as suas ações como chefe do Executivo, acresce o insulto adicional da notícia de que os Arquivos Nacionais foram forçados a recuperar as caixas roubadas da residência atual de Trump, em Mar-a-Lago, onde foram armazenados em um local sujeito a danos causados ​​por tempestades induzidas por mudanças climáticas e umidade subtropical em caso de falha de energia”.

O normal é no final do mandato, qualquer chefe de Estado americano, deve enviar todos os documentos para os Arquivos Nacionais e Administração de Documentos. Só que Donald Trump, não o fez  e decidiu levar consigo várias caixas que levou para a sua residência em Mar-a-Lago, na Florida.

Segundo os assessores de Trump, nas caixas agora recuperadas, estavam “lembranças, presentes, cartas de líderes mundiais e outras correspondências”, incluindo as que o líder supremo norte-coreano Kim Jong Un enviou a Trump e que o bilionário caracterizou como “cartas de amor”. Também lá estava a carta deixada a Trump pelo antecessor, Barack Obama.

Donald Trump, o primeiro chefe de Estado americano a encontrar-se com um membro da dinastia Kim, tinha uma boa relação com o líder norte-coreano. Até se seguiam nas redes sociais.

“Escreveu-me cartas lindas, são cartas lindas. Nós apaixonámo-nos”, disse Trump aos apoiantes em setembro de 2018.

As notícias mais os relatórios recentes de que assessores da Casa Branca eram regularmente forçados a arquivar documentos oficiais que Trump habitualmente rasgava depois de olhar para eles levanta sérias preocupações sobre a atitude de Trump em relação à Lei de Registros Presidenciais, cujas disposições ele invocou repetidamente. ao denunciar Hillary Clinton pelo manuseio de seu próprio e-mail oficial.

Em janeiro, os NARA “organizaram a repatriação de 15 caixas que continham documentos presidenciais” da propriedade de Donald Trump na Florida para Washington, disse a entidade à agência de notícias AFP.

“Estes documentos deveriam ter sido enviados aos Arquivos pela Casa Branca no fim da Administração Trump, em janeiro de 2021”, apontam.

Porém, nem tudo foi recuperado e alguns documentos ainda estão desaparecidos. De acordo com os NARA, “representantes do ex-Presidente continuam à procuram de registos presidenciais”.

Na última semana, a instituição já havia revelado que Donald Trump costumava rasgar alguns dos documentos de trabalho, outra prática contrária a uma lei de 1978.

Algumas folhas de papel enviadas aos NARA foram “reconstruídas com fita adesiva” por “funcionários de gestão de registos da Casa Branca”, indicaram, anotando que outros deixaram como as encontraram.