O trabalho de casa, sempre foi mal avaliado e pessimamente agradecido. E contudo, foi também sempre, dos mais duros e rotineiros, que a Mulher teve de o abraçar, com desvelo e sem queixa, por força daquilo que a sociedade, injustamente, pensava ser o lugar que lhe cabia fazer; mas devagar, devagarinho, a mudança deu-se, e Ela, Mulher, com todo o mérito, subiu a escada, e passou a trabalhar fora.
Eis senão quando, uma inesperada pandemia , abriu caminho ao trabalho em casa, já não o tal de casa, mas ao que se exercia na Firma, o que só foi possível pelo passo de gigante que deu a comunicação electrónica, que hoje permite a presença visual de qualquer ponto do mundo, e acesso imediato aos ficheiros de informação relativos ,e sendo assim, quem o exerce, não precisa de se levantar da cadeira da sua sala de estar.
Mas quero deixar bem claro que presença Visual, não quer dizer presença Pessoal, muito longe disso.; assim o entendo e avalio.
Vejo à minha volta quem bata palmas de contente com a nova moda, mas nanja eu, que prevejo para as Firmas a perda do carisma que lhes dá a sua Equipa, e para os próprios, a perda, tarde ou cedo, do seu trabalho, que pode ser feito perfeitamente por um robot, que não almoça nem janta, não precisa de dormir e nem sequer de calor humano, que é indispensável, por enquanto a quem vive.
Estar 24 horas no mesmo sítio, todos os dias, sem outras vistas ou contactos, para além do telefone e do ecrã, é também necessariamente doentio.
E que dizer do “Lar doce lar”, ao qual ansiosamente nos acolhíamos para descansar, e para usofruir como um recanto nuito nosso ,de paz e de ternura?
E se os dois, marido e mulher, fizerem trabalho em casa, que dizer do equilíbrio dum casal, em permanente contacto?
E o que sucederá à segunda família que ambos constituíam os colegas, que agora até nem se conhecem, e de cujo entrosamento saíam as inovações, às soluções, a ajuda, e uma identidade de grupo que definia a própria Empresa, e que gerava apego e orgulho?
Por agora a novidade foi bem recebida, mas a mudança mostrará em breve os seus malefícios
Não me importo de ser velho nestas considerações, mas não quero, claro, ser Velho do Restelo…
Assim sendo aqui deixo a esperança de que a Sociedade, que sempre encontrou uma saída, m outros momentos de mudança, suavize estas consequências, e quiçá, até transforme o trabalho em casa na solução ideal.
Fico para ver, já que já vi muita coisa…
O meu pensamento sobre o tema:
“Trabalhar em casa, reduz horizontes, e
empobrece o conhecimento.!”