O cantor deu uma nova entrevista a Manuel Luís Goucha na TVI

Tony Carreira fala na filha, em Ivo Lucas e no neto que está para chegar

 |  Alexandra Ferreira  | 

Numa conversa emotiva, Tony Carreira abriu o coração a Manuel Luís Goucha e falou da dor da perda da filha Sara, de planos a curto prazo e a gratidão que sente ao público pelo apoio na fase mais difícil da sua vida.

O cantor esteve à conversa com Manuel Luís Goucha e a entrevista foi para o ar, na TVI, terça-feira, 1 de novembro.
“Aquilo que estou a viver é muito duro, muito difícil, é desumano e há milhares de pessoas que vivem aquilo que estou a viver e que não têm o carinho que tenho, aquilo que me dão”.
Tony Carreira tem de lidar diariamente com a dor da perda da filha, Sara Carreira, que morreu em dezembro de 2020 num acidente de carro.

Esta não é a primeira vez que conversa com Manuel Luís Goucha, no programa ‘Goucha’, da TVI, e voltou a desabafar sobre a falta da filha na sua vida e de como o apoio dos fãs e de outras pessoas que “até nem gostam da suas canções, que nem olhavam para si” mas que “me têm apoiado de uma forma extraordinária”.

“Esta tragédia também me trouxe ainda mais humildade perante a vida porque não mandamos absolutamente nada. O sucesso que tive até hoje, eu próprio em parte não consigo explicá-lo, portanto, há uma decisão que não é nossa, é do público, do universo, de alguém – ainda estou [à procura de respostas]”, acrescentou.

Ao falar de Sara, confessou que “precisa de falar dela todos os dias”. E o momento mais duro continua a ser à noite. “Ali por volta das 22h acendo a minha vela e falo com ela”, confidenciou.

Relatou que continua a ir ao cemitério. “É um sítio de paz para mim. Fisicamente é ali que ela está. Falo [com ela], não sei se me está a ouvir, mas caso esteja…”, partilhou. “A falta dela é muito grande e muito dura“, confessou.

Apesar de ter consultado psicólogos após a morte da filha mais nova, Tony Carreira explicou que decidiu “não seguir por esse caminho”.

A ferramenta que o “ajuda muito”, diz, é trabalhar todos os dias para a associação que a família criou em memória de Sara Carreira. E também, conta, não há nenhum concerto em que antes de subir ao palco “não fale com a filha”.

“Em palco consigo ser feliz. O público, a música, tem uma magia especial e isso ajuda-me muito”, afirmou ainda.

Pessoas à porta do cemitério a pedir fotografias e autógrafos?

Tony Carreira diz que é totalmente mentira as notícias de estarem pessoas à porta do cemitério a pedir para tirar fotografias e autógrafos.

 

Isso é totalmente mentira. Não posso negar que uma vez ou duas, em dois anos, pessoas que estavam até a homenagear a campa da minha filha e que me tenham pedido se podiam tirar uma fotografia, às quais sempre respondi com muita calma e tranquilidade: ‘se não se importam, aqui não’. E as pessoas entendem perfeitamente“, destacou.

“Quando escrevem que queremos o Ivo Lucas e outras tantas pessoas na prisão. Isso é mentira”

 

Na mesma conversa com Goucha, também falou de Ivo Lucas, ex-namorado de Sara e quem estava a conduzir o carro no dia do trágico acidente.

Dói à minha família quando escrevem que queremos o Ivo Lucas e outras tantas pessoas na prisão. Isso é mentira“, frisou. “Não ficaria feliz se visse alguém preso em relação a este processo, porque nada me vai trazer a minha filha. Não tenho contacto com as pessoas que estiveram envolvidas no acidente. A única coisa que peço desde o primeiro dia é saber o que aconteceu ali. Não quero prejudicar ninguém, que não tenha culpa daquilo, mas não sou eu quem vai decidir quem tem culpa ou não, são os tribunais”, acrescentou.

E se há alguma coisa que tenho de criticar no dia de hoje são os tribunais, porque passaram quase dois anos e estamos exatamente no patamar de partida. A nossa justiça não funciona. A nossa justiça nestes casos – que tenho-me cruzado com imensos pais que estão a viver o mesmo drama – é cruel porque neste momento há uma guerra interna – o Ministério Público fez um relatório que não está bem feito, aparentemente. Com a juíza já falaram o que tinham a falar, e no dia de hoje estamos exatamente no patamar do início. Isto não é justiça, é crueldade”, rematou.

“Tenho de continuar”

Sobre o seu dia a dia Tony confessa:

Não tenho outra alternativa do que continuar, porque tenho mais dois filhos, uma neta, vem aí outro… Não tenho outra alternativa, tenho de continuar. O público tem-me ajudado muito, também devo isso às pessoas, devo esse reconhecimento às pessoas”.

Tenho a liberdade, sim, se amanhã tiver uma doença grave de não a tratar. Mas não posso, nem quero, ser eu a cometer um disparate, e não o farei. No dia de hoje tenho a certeza absoluta disso”, diz.

“O meu tempo de vida já não é importante. Só espero que nesta reta final, que espero que seja agora, [consiga] cuidar e dar um último toque nos meus filhos, sentir que posso partir e que eles estão bem, sentir que a associação, que para mim é a cara da minha filha, está bem e já posso partir, fazer a viagem”, referiu.

O cantor explicou ainda que esta tragédia mudou o seu “olhar sobre muita coisa”.

“Sobre mim próprio, sobre aquilo que me resta fazer”, realçou.

Créditos Imagem:

TVI

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