Na deliciosa Lisboa dos anos 50, a gravata era peça indispensável do vestuário masculino; usava-se no dia a dia, no trabalho e no lazer, no bailarico, e até na hora do namoro. Para não ficar mal, era preciso aprender a bem fazer o laço da gravata, em triângulo perfeito, para o que havia vários métodos, que requeriam treino e jeito. Para que ficasse impecável era necessário que o colarinho estivesse bem esticado, e assim se mantivesse. Sucede que com os tecidos do tempo, e a constante lavagem da roupa, pois era pouca, tal não acontecia. Por esse motivo as camisas tinham nos colarinhos umas bainhas interiores, onde se enfiavam uns esticadores de tirar e pôr, que resolviam à maravilha essa questão; eram duas pequenas barras de plástico, flexível e transparente, feitas à medida. Como por descuido se perdiam com frequência, logo apareceu em cada esquina um vendedor ambulante, que os anunciava com o habitual pregão, meio cantado meio não, mas alto e em bom som.
Porque sou velho, mas não o é a minha memória, do pregão me não esqueci, e aqui o trago, era assim:
“Esticadores pró colarinho; meia dúzia a 10 tostões!!!”
Nessa altura 1 escudo era dinheiro, mas não faltavam compradores. Quantas vezes fui um deles…
Estou a ver o sorriso de quem lê, talvez incrédulo, mas garanto que era mesmo assim como vos conto.
Todas as épocas têm os seus encantos, que se amam e não se esquecem…
A propósito de amar, aqui está o meu pensamento da semana:
Venha ao “Canto” que é do velho, para ler o próximo.