Como imaginam, ao longo dos anos fui acompanhando o tempo, e com ele a imparável mudança de tudo o que me cercava.
A aceitação e adaptação à mudança, não é automática, mas mesmo que ela nunca venha a convencer, definitivamente, acaba por vencer.
E para assistir à tal mudança, não é preciso tanto tempo quanto isso, como vão verificar.
Foi no ano 50 do século passado, que arribei a Lisboa, com intenção de estudar, após 18 longos dias de viagem de barco, desde as águas verdes do Índico até às azuis do Atlântico. De barco, porque outra forma regular não havia nessa altura, para o fazer.
Poucos anos depois, ainda na mesma década, voltei ao ponto de origem, mas já de avião, num voo da “Pan American”, gloriosa precursora das viagens aéreas longas, companhia aérea que hoje é apenas uma mítica lembrança na história da aviação.
Foram dois dias de viagem, com espaço para tudo, e o esmerado serviço dessa época pioneira do voo comercial; na tripulação havia apenas uma Comissária de bordo, mas nenhum dos vinte e poucos passageiros, teve a mínima reclamação a fazer ao seu trabalho.
Hoje, calculem, o mesmo percurso faz-se em dez horas apenas, mas sem poder esticar as pernas como dantes.
O aeroporto de Lisboa já era no mesmo sítio, no edifício inicial claro; e do seu topo, familiares e amigos, faziam gestos de boa viagem, aos passageiros, que seguiam a pé até ao respetivo avião, e não havia que enganar, tão poucos eram. Para muitos desses passageiros seria o primeiro voo, e para todos… um medo novo. Voar era ainda uma aventura, com frequentes percalços.
Pois findas poucas décadas, viajar de avião é o dia a dia de milhões de pessoas; e se aqui e ali, o medo em alguns persiste, nada o justifica, já que voar é sem dúvida, o mais seguro meio de deslocação.
Com o tal tempo que passa, se perdeu o “glamour” duma época nova, que ficou seguramente na memória de quem a tenha podido conhecer e experimentar; mas como acima digo, venceu a mudança, não o medo ou a saudade.
E todos, a esta e a outras se foram habituando …
O meu pensamento da semana? Aqui fica:
O voo da Vida…só tem ida!