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A seca em Portugal continental não é só uma miragem e está a bater à porta

SECA! Governo restringe uso de barragens

 |  Alexandra Ferreira  |  ,

Governo restringe uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola. A seca em Portugal continental não é só uma miragem e está a bater-nos à porta.

Numa conferência de imprensa conjunta com a ministra da Agricultura, depois de se reunir com a comissão de acompanhamento da seca, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e Ação Climática, avisou que as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera apontam para a “80 por cento de probabilidade” de 2022 ser um ano seco.

Não se espera chuva suficiente para este mês de forma a inverter a situação de seca meteorológica, mas março ou abril poderão trazer alguma mudança, embora não se consiga saber com tanta antecipação.

Entretanto, o Governo já contactou a Comissão Europeia para fazer “um reforço e simplificação dos adiantamentos” de apoios aos agricultores para fazerem face à situação, de acordo com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.

As culturas de inverno e pastagens foram lançadas, mas a falta de chuva perturbou-as, exigindo aos agricultores “custos acrescidos” para as manter viáveis, explicou.

Para já, há quatro barragens em que só será usada a água para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, garantindo “valores mínimos para a manutenção do sistema: Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém).

A água da barragem de Bravura, no Barlavento algarvio, deixou de poder ser usada para rega.

Para estas cinco, foi adotada uma cota mínima a manter destinada a garantir o abastecimento de água para consumo humano durante dois anos.

João Matos Fernandes disse que há bacias hidrográficas com enchimento acima da média, como Douro e Guadiana, e que poderão ser usadas, tal como a água armazenada nas barragem de Alqueva, Alto Sabor e Tua, para compensar o que falte em outras barragens com menos água.

Essa “capacidade de gestão” permite para já suprir as necessidades mas João Pedro Matos Fernandes não descartou que no princípio de março sejam tomadas mais medidas, ou mais alargadas, de restrição ao uso de água.

Tudo dependerá do que se passar durante este mês, em que a evolução será “acompanhada ao dia”.

Maria do Céu Antunes afirmou que ainda não há situações em que esteja comprometido o abastecimento de água para fins agrícolas mas que as direções regionais de agricultura estão prontas para assegurar que haja transporte e disponibilização de cisternas com água para as necessidades.

A comissão de acompanhamento da seca vai voltar a reunir-se no início de março.

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