fbpx
No último ano e meio já foram raptados 32 portugueses

Raptos de portugueses na África do Sul estão a subir

 |  Alexandra Ferreira  |  ,

A África do Sul já foi um dos países mais ricos daquele continente. Hoje em dia está num desmando que forças policiais não conseguem travar. Os raptos de portugueses não páram na região mineira de Gauteng.

No último ano e meio já foram raptados 32 portugueses na província sul-africana de Gauteng. Os raptos estão a tornar-se na “pandemia” do país, que está a deixar cidadãos com nacionalidade portuguesa “apreensivos”.

A região mineira sul-africana é o epicentro da violenta criminalidade e raptos e, segundo as autoridades, entre outubro e dezembro do ano passado a província registou um agravamento de 20% no número de sequestros, registando 2.367 casos, o que representa mais da metade dos sequestros no país durante o período em análise (4.577 casos).

Gauteng é considerado o motor da economia do país e só nesta região já foram raptados 32 empresários portugueses no último ano e meio.

Portugal acompanha com preocupação

O embaixador de Portugal em Pretória, José Costa Pereira, garantiu que as autoridades portuguesas estão “a acompanhar com preocupação” o sequestro de compatriotas lusos, frisando que se está “perante uma série de raptos que estão a atingir a comunidade portuguesa numa área geográfica determinada, e por outro lado, pessoas que estão no mesmo ramo de atividade”.

“Tenho a intenção de pedir uma audiência ao senhor ministro da Polícia, depois de ele tomar posse, o que deve acontecer amanhã [quarta-feira], no sentido também de o sensibilizar para um assunto que tem naturalmente repercussões muito negativas sobre uma comunidade ordeira, (…) que tem um papel importante na economia da África do Sul, e, por conseguinte, esperar também da parte dele (…) a possibilidade de aumentar a segurança destas pessoas de maneira a evitar (…) uma onda sucessiva de raptos”, salientou o responsável, acrescentando que os portugueses na África do Sul se encontram “apreensivos” face à situação. Em média, existem dois sequestros por dia, desde janeiro de 2023, e valores de resgate milionários. Só no ano passado, registaram-se pelo menos 18 casos de rapto de cidadãos com nacionalidade portuguesa na região de Gauteng, segundo o diplomata português.

Caso feliz de resgate

Esta semana houve um caso de ‘final feliz’, depois de as autoridades sul-africanas conseguirem resgatar um empresário português. A vítima esteve em cativeiro durante oito dias depois de ser levada de uma residência nos arredores de Joanesburgo.

O porta-voz do comando nacional da polícia sul-africana, Athlenda Mathe, explicou que o homem, de 49 anos, foi encontrado “amarrado, mas está bem de saúde e já reunido com a família”.

Questionada pela Lusa, a porta-voz da polícia sul-africana salientou que um dos suspeitos do sequestro foi detido durante a operação policial de resgate, um homem de 39 anos, e que “é de nacionalidade sul-africana”.

“O suspeito está detido e será presente no Tribunal de Magistrados de Joanesburgo, e é acusado de sequestro, assalto à mão armada e extorsão”, adiantou. Athlenda Mathe sublinhou que este “é o sétimo empresário português a ser resgatado pela polícia sul-africana” desde janeiro deste ano, na África do Sul.

Raptos tornou-se uma indústria

A situação já está a ser analisada não só pelos responsáveis nos locais, como também por organizações, como o Crime Organizado e Terrorismo no Institute for Security Studies (ISS). O coordenador, Willem Els, admitiu à Lusa que não tinha informações detalhadas sobre o caso português, nomeadamente, um dos casos mais recentes, mas considerou que esta situação tem tido um “forte crescimento”.

“Não verifiquei pormenores sobre este último cidadão português raptado, mas demos já conta [no ISS] de uma ligação bastante forte entre o rapto de pessoas falantes de língua portuguesa na África do Sul e Moçambique”, explicou o especialista do instituto de análise sul-africano, depois de apontar que a situação de raptos no país para obtenção de resgates “está a ficar fora de controlo”.

Deu ainda conta que não é de descartar a hipótese de grupos terroristas estarem a a usar a “indústria de raptos como fonte de financiamento, embora não tenhamos provas disso na África do Sul”.

Dados oficiais consultados pela Lusa indicam que no último trimestre de 2023 a polícia sul-africana registou 4.577 raptos no país, significando um aumento de 11% (mais 453 casos) comparativamente a 4.124 casos reportados às forças de segurança no período homólogo do ano anterior.

Segundo a polícia sul-africana, as províncias do país mais afetadas pelo crime de sequestro são Gauteng (51,7%), onde se situa Joanesburgo e Pretória, a capital do país; e KwaZulu-Natal (1,4%), que faz fronteira com Moçambique, e onde se situa a cidade portuária de Durban.

Segundo dados do Governo sul-africano, residem na África do Sul cerca de 200 mil cidadãos portugueses e perto de meio milhão de lusodescendentes.

*Fonte agência LUSA

Créditos Imagem:

Jose P. Ortiz;

© 2022 Direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução na totalidade ou em parte, em qualquer tipo de suporte, sem prévia permissão por escrito da Segue News. | Prod. Pardais ao Ninho.