

No dia anterior, terça, Guterres foi recebido no Kremlin pelo presidente russo Vladimir Putin.
“Posso dar o meu contributo, mas tenho a humildade de perceber que não consigo chegar a uma sala e convencer totalmente Putin de aquilo em que acredito, mas que não corresponde de todo à posição que a federação russa tem nesta questão”, diz Guterres, realçando o papel que as Nações Unidas têm tido tanto no apoio humanitário ao povo ucraniano, como no acompanhamento “regular” das negociações.
O diplomata faz assim menção ao seu verdadeiro contributo que não é mais do que “ser um mensageiro de paz” e tentar “ajudar a resolver alguns dos mais difíceis problemas pendentes”.
Guterres deixou claro que “nunca são atingidos todos os objetivos”.
O secretário-geral da ONU disse que a prioridade, neste momento, é criar condições para salvar os civis que se encontram retidos numa fábrica sitiada em Mariupol.
SALVAR CIVIS DA FÁBRICA DO AZOVSTAL
O chefe da diplomacia da ONU está muito empenhado em garantir as condições para que as Nações Unidas, em cooperação com as autoridades russas e ucranianas, possam estabelecer um corredor humanitário que permita a saída de centenas de civis que se encontram no complexo siderúrgico Azovstal.
“Imaginem centenas de mulheres e crianças em corredores escuros e sem acesso a nada e no meio de uma guerra. É prioritário conseguir fazer com que possam sair dessas condições”, esclareceu em Kiev.
A tarefa é difícil, já que “se trata de pessoas que estão retidas num espaço sitiado” pelas tropas russas, obrigando por isso a uma “logística complexa”, pois será necessário garantir que o corredor humanitário não será utilizado “por outros atores”.
O secretário-geral da ONU reiterou que a sua organização continua empenhada em conseguir encontrar uma solução pacífica para o conflito na Ucrânia, repetindo que, para as Nações Unidas, “não há qualquer dúvida de que se trata de uma invasão injustificada”.
A propósito das críticas sobre “ser tarde” para a visita a Moscovo e a Kiev, Guterres esclareceu que, na sua perspetiva, esta foi “a melhor ocasião” para conversar com os dois presidentes.
Fazer política não é a preocupação de António Guterres que não está “excessivamente preocupado” pelo facto de a ONU não ter sido envolvida nas negociações políticas, atribuindo esse fator à indisponibilidade da Rússia em aceitar essa intermediação.
A finalizar, Guterres desvalorizou e diz que não foi nenhuma ameaça, o que Vladimir Putin prometeu, na quarta-feira: “ataques de retaliação” que serão “rápidos como um relâmpago” dirigidos a todas as nações estrangeiras que pretendam intervir na sucessão de acontecimentos na Ucrânia.