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Prémio Camões 2021 atribuído a escritora moçambicana

Paulina Chiziane já reagiu: “Este prémio serve para despertar as mulheres”.

 |  Alexandra Ferreira  |  ,

O anúncio foi feito em comunicado pela Ministra da Cultura: “No seguimento da reunião do júri da 33.ª edição do Prémio Camões, decidiu-se por unanimidade atribuir o Prémio à escritora moçambicana Paulina Chiziane, destacando a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”, refere no documento Graça Freitas.

O júri referiu “também a importância que dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana. O júri sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes”, sublinha.

Sobre a escritora diz que “Paulina Chiziane está traduzida em muitos países, e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações.”

Entretanto, à agência Lusa, a escritora moçambicana já disse que o Prémio Camões 2021 serve para valorizar o papel das mulheres numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado: “Afinal a mulher tem uma alma grande e tem uma grande mensagem para dar ao mundo.

Este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro”, referiu a autora.

Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Atualmente vive e trabalha na Zambézia.

Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. Ventos do Apocalipse, concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999.

Alguns dos seus livros foram publicados em Portugal e no Brasil, e estão traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata como “Balada de Amor ao Vento”, “Ventos do Apocalipse”, “O Sétimo Juramento”, “Niketche: Uma História de Poligamia”, “As Andorinhas”, “O Alegre Canto da Perdiz”, “Na mão de Deus”, “Por Quem Vibram os Tambores do Além”, “Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento”, “O Canto dos Escravos”.

O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.

O júri da 33ª edição do Prémio Camões foi constituído por Ana Martinho, professora universitária (Portugal); Carlos Mendes de Sousa, professor universitário (Portugal); Jorge Alves de Lima, escritor e investigador (Brasil); Raul César Fernandes, professor universitário (Brasil); pelos PALOP, Tony Tcheka, escritor (Guiné-Bissau); Teresa Manjate (Moçambique).

O Prémio Camões foi já atribuído, por ordem cronológica, a Miguel Torga (Portugal), João Cabral de Mello Neto (Brasil), José Craveirinha (Moçambique), Vergílio Ferreira (Portugal), Rachel de Queiroz (Brasil), Jorge Amado (Brasil), José Saramago (Portugal), Eduardo Lourenço (Portugal), Pepetela (Angola), António Cândido (Brasil), Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal), Autran

Dourado (Brasil), Eugénio de Andrade (Portugal), Maria Velho da Costa (Portugal), Rubem Fonseca (Brasil), Agustina Bessa-Luís (Portugal), Lygia Fagundes Telles (Brasil), Luandino Vieira (Angola), António Lobo Antunes (Portugal), João Ubaldo Ribeiro (Brasil), Arménio Vieira (Cabo Verde), Ferreira Gullar (Brasil), Manuel António Pina (Portugal), Dalton Trevisan (Brasil), Mia Couto (Moçambique), Alberto da Costa e Silva (Brasil), Hélia Correia

(Portugal), Radouan Nassar (Brasil), Manuel Alegre (Portugal), Germano Almeida (Cabo Verde), Chico Buarque (Brasil) e Vítor Aguiar e Silva (Portugal).

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