O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa esteve à conversa com Manuel Luís Goucha no programa Goucha, da TVI e fez alguns confidências da sua vida.
O atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa falou da relação que tinha com o pai e do vício do progenitor com o alcoolismo, que aconteceu após despedimento do jornal em que trabalhava no Alentejo.
Carlos Moedas diz que o pai “era um sonhador, que, de certa forma, não tinha a conexão à realidade. Mesmo enquanto presidente da Câmara tenho de ter o sonho de dizer às pessoas ‘esta é a Lisboa que quero’, mas depois qual é a realidade? Até onde é que posso ir?”, explicou.
“O Diário do Alentejo entra em falência, ele fica desempregado, vai trabalhar com muita humildade para a Câmara Municipal de Beja e cria o primeiro boletim municipal. Mas no fundo era uma dor enorme, porque aquilo não era ser jornalista e a vida dele era ser jornalista. Era muito miúdo, mas aquilo que me contam é que ele não suportava a ideia de já não ser jornalista, de já não ter a capacidade de fazer a notícia e escrever semanalmente. O jornal deixou de existir”, contou adiantando que foi desde essa altura que os problemas com o álcool pioraram.
“Esse vazio que acontece a muitos jornalistas, para ele junta-se com dificuldades financeiras. A minha mãe guardava o salário num envelope e ia contando até chegarmos ao final do mês. Esse vazio acho que o levou à adição, ao álcool“, nota.
Na altura, Moedas reconhece que foi para Paris e não o devia ter feito justificando que esse afastamento ainda hoje o marca. “Acho que isso é o que me dói, porque no fundo estava a fugir do meu pai. Mas não era fugir dele, mas sim da doença”, rematou.