Em tempos de antigamente, no Natal esperava-se e sentia-se, hoje é espaço de férias e de frenéticas compras; o tradicional encontro de família, pleno de recordações, amplo em gerações, é agora facilmente descartado com uma mensagem, dedilhada e pré-escrita, que revelando lembrança e talvez carinho, de pessoal e de próxima, pouco ou nada tem.
O Natal, que deriva do latim “Nativitas”, palavra que significava Nascimento, foi criado para eternizar o facto de ter nascido, em Belém da Judeia, no mais simples e humilde dos locais disponíveis, um menino, Jesus Cristo, há vinte e três séculos atrás, em dia incerto mas se supõe próximo, daquele que o comemora, e que viria a ser o Profeta do Catolicismo.
Um nascimento é sempre uma festa de família, o garante da continuidade, o acender duma vida, a ternura duma nova companhia, uma dádiva; e esta, para quem o crê, verdadeiramente especial.
Sendo Nascimento, o Natal tem assim uma forte ligação à família, que inclui novos e velhos, presente e passado, recordações e factos, e com eles lembranças, corporizadas em ofertas singelas e simbólicas, até ingénuas na sua forma inicial de entrega; lembranças que nos tempos de hoje quase se tornaram uma lista obrigatória de compras a pedido.
No caminho do Natal, primariamente religioso e reflectivo, surgiu às tantas, para simbolizar a entrega dos presentes, vindo dum País perto do polo, a figura dum velho de barbas brancas, de saco às costas, que viajando num trenó puxado por Renas, os distribuía porta a porta, e que se vulgarizou como o Pai Natal, figura que o mundo rapidamente apadrinhou. O seu truque era simples: descia pela chaminé, e punha nos sapatinhos, previamente deixados sobre o fogão, a respectiva lembrança, modesta, e desconhecida de quem a iria receber…
Ainda fui desse tempo, e se no princípio se acreditava que era assim…depois fazia-se de conta.
Surgiu de seguida a ideia da árvore de Natal, verdadeira ou falsa, para dar talvez folga ao Velho das Barbas, mas as prendas continuaram, mesmo assim, a ser uma surpresa.
Claro que também passei por essa fase; já me cabia dar, mas também recebia…
Como a Terra continua em constante rotação, as prendas de Natal também rodaram, passando a ser antecipadamente escolhidas, e até pedidas pelos próprios beneficiários.
A ternurenta fantasia do sapatinho virou definitivamente peça de antiquário, ridicularizada até quanto possível, e a surpresa da oferta foi posta de parte por inútil, apesar do seu encanto.
Agora apenas assisto, mas não faço lista…
Parte ainda faço contudo, dos que acham que o Natal é um espaço profundamente familiar, um fraternal convívio, para recordação dos que passaram, e para lembrar aos presentes, que nada pode apagar, nem sequer afastar, quem nasce na mesma árvore.
Venha daí um Abraço ao vivo!
Se alargarmos este pensamento à Família Humana, da qual, indubitavelmente também fazemos parte, levaremos a festa aos outros, se mais não pudermos , com o empenhamento sincero de promover a Paz e não a Guerra, usar a tolerância e não o ódio, dar o perdão e não a bala, lutar pela igualdade e não pela diferença, e fazê-lo em cada dia que tivermos ainda para viver.
E ao iniciar a Ceia, que hoje é diversificada, e já foi em tempos obra única da mágica mão da velha avó, e era humilde e simples, mas saborosa e genuína, não deixemos de pensar, que nesse preciso momento, há quem não tenha sequer, uma simples sopa para comer…
Feliz Natal!
Aqui fica o meu pensamento sobre o assunto:
“Sendo o Natal nascimento, é já por si
uma dádiva!”