Quem anda pelo mundo do marketing e da venda, sabe como é importante conhecer “O motivo de compra”, aquilo que acelera ou leva à aquisição de um produto ou duma ideia.

A isso estão sempre atentos os tais “homens do mercado”, para não perderem esse poderoso impulso, que pode ser individual ou coletivo, duradouro ou ocasional.
No meu tempo, quando alguém adquiria alguma coisa, ainda que útil ou indispensável, fazia-o sempre depois de verificar se era possível ou conveniente realmente comprá-la.

E, neste caso, aquilo que o empurrava para a compra era primordialmente a qualidade, por se presumir que a durabilidade dum produto bom, embora à partida mais caro, compensava largamente, era uma boa aposta, razão pela qual um carro se adquiria por vida, e a bicicleta que nos cabia era normalmente herança do irmão mais velho.

A moda e a marca eram já um bom motivo de compra, mas não o principal, e aqueles que podiam suportar o seu custo, faziam-no mais por conforto e por prazer, do que pela exibição que também já acompanhava a marca.

Não havia uma corrida à cópia coletiva, dando-se ao gosto pessoal, sempre o primeiro lugar.
Era assim no Século XX, anos 40, exatamente o tempo, é bom lembrar, em que se imaginaram as novas tecnologias, que em força invadiram este século em que agora estamos.

Com elas mudaram os desejos e os tais motivos de compra, de que estamos a falar; mudou também a cautelosa ponderação da compra “por vida”, que já se não faz, pelo menos tão frequente.

O ímpeto de compra subiu, a par da necessidade de se estar atualizado, ou de não se ser, simplesmente excluído.
E dou-vos só um, entre muitos exemplos visíveis.

Quando hoje se anuncia a introdução no mercado dum modelo novo do brinquedo eletrónico da moda, mais do que ponderar se as diferenças que oferece compensam ou não , ou até avaliar se o investimento cabe no orçamento pessoal, salta forte o poderoso desejo de o ter, e o tal vírus da atualização, de que resulta ser comum esgotarem-.se os stock no dia do lançamento, mesmo passando por cansativas e intermináveis filas de espera.

Quem o consegue, corre para casa, ansioso para abrir a caixa, para o sentir nas mãos, para o fotografar e partilhar a sua imagem na rede social do seu agrado, com a alegria interior que manifesta a sua simples mensagem: “Rapaziada, já cá tenho o meu”
E não será por certo por vida…digo eu.
Como nós éramos de facto desatualizados…

O meu pensamento de agora:
- Na vida procuram-se mais as satisfações que as explicações.…