Depois do 10 de junho vem “O melhor de Portugal” em Bruxelas, festas populares que não se distinguem muito uma da outra, diga-se em abono da verdade. Os mesmos restaurantes da cidade montam arraiais, não no Bois de la Cambre mas no parque do Cinquantenaire.
Os petiscos são basicamente os mesmos e a sardinha volta a ser rainha, tendo na sua corte as febras, o frango e o chouriço assado, as pataniscas, o entrecosto e a entremeada.
Mas a esta festa junta-se agora vários stands institucionais de autarquias e de marcas que aqui vêm fazer a promoção das suas terras e dos seus produtos.
Trata-se também de uma boa oportunidade para comprar queijos, azeite e vinho com preços em conta, e muito abaixo do que se pratica na capital do reino dos belgas nas mercearias portuguesas, algumas mais parecendo ourivesarias dada a margem a lucro praticada.
Entre os stands que sempre pontuam no Melhor de Portugal, que já não acontecia faz dois anos devido à Covid 19, merece uma referência especial o da “Afectos com Letras”, uma Organização Não Governamental (ONG) a operar na Guiné-Bissau há vários anos e que tem uma assinalável obra no terreno.
Dirigida pela Joana Benzinho, a “Afectos com Letras” apoia várias escolas, bibliotecas, creches e hospitais. Ultimamente tem focado a sua atenção na aquisição de descascadoras de arroz para as tabancas guineenses e já são mais de uma dezena as beneficiadas.
Segundo as responsáveis da ONG, desta forma libertam as mulheres e as meninas dessa tarefa de horas no pilão, o que permite que as meninas possam ir à escola e que as mulheres se dediquem a outras tarefas, porventura mais gratificantes.
Aproveito o ensejo para vos incentivar a ajudarem esta organização que discretamente tanto tem contribuído para o desenvolvimento de sítios remotos onde também ainda se fala a nossa língua
Há nestas festas portuguesas, que há semelhança do que acontece na pátria, se reproduzem que nem cogumelos entre as comunidades, um lado brejeiro a roçar o ordinário que seria de todo evitável. A boçalidade não educa nem instrói, apenas nos torna mais grosseiros e rudes, de risos construídos na deselegância e na inconveniência das rimas que declinam quase sem alho ou noutros legumes semelhantes.
Mas, se o povo parece gostar quem sou eu para o contrariar!
Contrariando esta regra, a exceção deste ano foi a presença do Luís Represas. Do alto dos seus sessenta e seis anos cantou com aquele seu timbre único as canções que fizeram dele, perdidamente, um vocalista maior na nossa cena musical desde os Trovante.
Para meu grande espanto notei que sendo ele mais velho do que eu, não se vislumbra na ainda farta cabeleira um único cabelo brando. Mistérios que as tintas escondem.
Já com um grão ou dois na asa e de saco cheio de compras me despedi aos abraços e beijos com juras de que para o ano estarei de volta, por mais pimba que sejam os cantadeiros e brejeiras as letras das canções.