“O estilo é uma expressão pessoal e de atitude”
Foi no domingo, dia 29 de Agosto, que a designer de interiores e joias, celebrou o 100º aniversário sempre cheia de vida e em grande estilo, na sua habitual irreverência.
Provavelmente, muito poucos a conhecerão mas saiba que esta ‘velha senhora’ irradia mais juventude que muito adolescente e, só no Instagram tem 1,9 milhão de seguidores e no Facebook, um milhão de fãs.Apesar da sua longevidade continua a ter um estilo muito próprio e a fazer valer o ‘slogan’ “mais é mais, menos é aborrecido” (‘More is more, Less is bore’).
VIDA E CARREIRA ‘FORA DA CAIXA’
Ao longo da sua carreira, a designer de interiores desde sempre se destacou como uma figura ímpar.
Natural de Queens, em Nova Iorque, nasceu a 29 de Agosto de 1921, Apfel emergiu no mundo da moda e decoração de interiores fazendo-se valer da sua criatividade, excentricidade e muita ousadia.
A artista cresceu agarrada às referências da moda dado que o pai trabalhava na área de joalharia e a mãe era dona de uma boutique de roupas femininas. Mesmo assim, Iris atribui à mãe, a inclinação e talento para moda, porque a progenitora enfatizava muito o poder de um acessório.
Esta senhora, que marcou uma geração e ainda faz história no mundo da moda como empresária, designer de interiores e atualmente, como modelo agenciada pela IMG, desde muito nova parece ter-se encaixado na ideia de que “é melhor estar feliz do que bem vestido”.
Assim foi e ainda é Iris Apfel. “Eu visto-me unicamente para mim. Espero que as pessoas gostem. Mas, se não gostarem, o problema é delas”.
A artista é uma das personalidades mais conhecidas e consagradas no mundo da moda, graças ao seu estilo ousado e trabalho excecional na indústria têxtil.
A paixão por peças ‘statement’ e acessórios ‘oversized’ tornou o estilo de Iris uma referência no mundo e fonte de inspiração para muitos fãs, que lhe seguem os passos abusando da ‘trendy maxi’ em brincos, colares, óculos, entre outros pormenores. Já Iris diz que “quando alguém não se veste igual ao outros, logo, não precisa de pensar igual aos outros”.
UMA DAS PRIMEIRAS MULHERES A USAR JEANS
Com uma personalidade avassaladora e a fugir do convencional, Iris Apfel foi uma das primeiras mulheres americanas a usar jeans. “Vestir-nos é uma parte da vida e uma maneira de dizer a todos quem somos ou quem gostaríamos de ser”, explica.
Seguindo sempre no rumo da vocação, a artista trabalhou num jornal comercial da indústria da moda e em 1950, fundou a empresa têxtil, Old World Weavers com o marido Carl, que faleceu em 2015 aos 100 anos.
“Gosto de pessoas que se expressam e são individualistas”, sublinhou a artista numa das tantas entrevistas que deu ao longo da carreira e da vida.
A busca por tecidos exóticos, técnicas artesanais e inspirações durante o gerenciamento da sua empresa têxtil, despertou em íris uma segunda paixão, a decoração.
“Odeio fazer as coisas parecidas com as que os outros fazem, e isso é muito difícil nesta sociedade tão imediatista”. disse.
Formada em História da Arte na Universidade de Nova York e na Escola de Arte da Universidade do Wisconsin- Madison, a decoradora adquiriu muito conhecimento sobre a variação das formas, dos estilos e conceitos das artes visuais como a pintura, escultura e arquitetura.
Como designer de interiores, assinou projetos de grandes celebridades e, pasme-se, até foi decoradora da Casa Branca durante o mandato de nove presidentes. “As pessoas precisam entender a beleza dos processos de criação. Vejo tantos designers a fazerem tudo igual uns aos outros. É uma corrupção criativa.”
HOMENAGENS
A artista viu-se reconhecida como ícone da moda, entre 2005 e 2006, quando foi tema de uma exposição, a “Rava Avis: Irreverent íris Apfel”, realizada pelo Metropolitan Museum de Nova York.
Até numa entrevista sobre esta mostra, usou o bom humor de sempre: “Haviam várias cláusulas sobre estar numa exposição no MET, uma delas era eu já ter morrido, mas como todos podem perceber essa cláusula teve de ser eliminada.”
A iniciativa proposta pelo Museu, era de uma pequena galeria com apenas cinco looks da artista, mas acabou por ter mais de 80 peças e cerca de 150 mil visitantes.
O Peabody Essex Museum em Massachusetts, também possui uma galeria efetiva em homenagem a Iris com peças da centenária mais famosa do país na sua área.
Até hoje esta amante da moda faz misturas ousadas porque acredita que “enfeitar-se deixa o visual mais exclusivo, divertido e estimula a criatividade”. E porque tal como confessou: “Eu gosto de coisas incomuns, eu tenho pouquíssimos itens comuns. Tenho muitas peças que são de outras épocas e que já não se encontra normalmente”.
COMO CHEGAR AOS CEM ANOS CHEIA DE ESTILO?
Com a centenária Íris Apfel, o estilo surgiu como tudo na sua vida, sem planear; O poder dos acessórios para Iris, vai além de um complemento, ele pode transformar todo o visual.
“Aprendi com a minha mãe, que se tiver um único vestido preto e os acessórios certos, posso ter 50 vestidos diferentes”, disse a designer.
“O conceito de elegância não mudou com o passar do tempo. Ele foi atirado fora pela janela”.
Consagrada e homenageada, Iris até tem uma boneca Barbie igual a si própria. As misturas ousadas de Iris, baseadas sempre no lema “mais é mais, menos é aborrecido”, destacavam sua criatividade e bom humor, o que lhe rendeu várias parcerias no mundo da moda.
“Há necessidade de se ter artistas, pelo simples fato de que se eles não existirem, as pessoas murcham e morrem com falta de arte”.
As parcerias e lançamentos de produtos, renderam grande espaço nos media a Iris, que até virou tema do documentário “Iris Apfel: Accidental Icon”.
Com este brutal legado de sucessos e lições de vida, Iris Apfel continua a manter-se fiel a si própria e, ainda hoje, sublinha sempre:
“Moda todos podem comprar. Mas o estilo temos de o ter. Não há um caminho ou mapa para se ter estilo. Ele é sobre uma expressão pessoal e sobretudo, atitude” perante a vida.
