Mais uma vez se provou que o homem, venha donde vier e tenha as diferenças que tiver, pode estar pacificamente junto, e pode até medir forças, ou disputar supremacias, aberta e lealmente. Pode mesmo fazer amigos que não esperava, encontrar parceiros para a vida, ser aplaudido de pé por quem julgava que nunca o faria, e ser abraçado por quem não fala sequer a sua língua, nem segue as suas Ideias.
Afinal é possível mesmo que haja quem ache que não. Há quem o pense, e quem o pratique.
Isso vimos, e confirmámos, em biliões de ecrãs coloridos, ao segundo, em mais uma edição das Olimpíadas, magnífica lição de irmandade, que apagou dos mesmos ecrãs a luta com morte, sem motivos, por ordem de quem troca o abraço e o sorriso, pelo ódio.
Essa Imperial lição de bem querer, devemo-la a uma Nação que criou as regras para a luta atlética, onde apenas conta a leal superação da capacidade corporal, no sentido de ser mais forte, de ir mais longe e mais depressa, e fazê-lo em plena e saudável harmonia: à Grécia antiga se deve, e a Ela tiro o meu chapéu!
Estendo a minha admiração e justíssimo reconhecimento, a todos que pelo caminho foram mantendo viva essa chama de pacífica convivência.
E perante essas imagens fabulosas, de homens e mulheres, que usando o seu corpo de forma espantosa, bela e inacreditável, fabulosa até, não posso também deixar de admirar, com espanto quantas vezes, como é possível, ou mais do que isso, onde pode parar a capacidade do corpo humano de responder ao esforço, à imaginação e à vontade do seu dono.
É evidente que cada um terá a sua medida, o seu limite, mas o que não tem cada um, ou bem poucos, é a vontade férrea de sofrer para o conseguir, dias a fio, anos m sequência, com limitações de toda a ordem, com avanços micro métricos, um segundo aqui, um centímetro acolá, e muita desilusão pelo caminho. Aquilo que parece fácil e naturalmente harmonioso, é também perigoso sem um fiel seguimento de regras, dolorosas ou desagradáveis, uma disciplina régia, a abdicação de prazeres, total concentração, e capacidade de superar cansaço e a ansiedade.
A medalha premeia, mas o estatuto de vencedor, que é único e íntimo, é o verdadeiro pagamento por vida. Aos nossos dois ciclistas que trazem a medalha de ouro para Portugal, Iúri Leitão e Rui Oliveira, os meus parabéns Superaram-se!
O meu pensamento sobre o tema:
“A superação é possível, mas dolorosa…”