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MUDA
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O CAVALO DO RIO

Do Latim e derivando do mesmo termo no idioma helénico da Antiguidade surgiu nas línguas românicas e no Old English o substantivo hipopótamo – o ‘cavalo do rio’ – hippo significando cavalo e potamos: rio.

O Hippopotamus Amphibius em África, com a sua agressividade, continua a causar grande número de mortes em populações ribeirinhas.

Ao surgir uma fêmea que acompanhe a sua cria, enquanto incauto transeunte ou pescador em pequena embarcação inadvertidamente se encontre em palmo de terreno ou de águas de rio ou lago que a fêmea considere (‘hipopotamente’) ser território seu, pode num ápice dar-se um caso desses.

O hipopótamo, apesar de pata curta, apanha em corrida (30 kms/h) qualquer humano em fuga. Trata-se de um ‘meiguinho’ mamífero de apreciável envergadura, cujo macho pesa 2 toneladas, sem deixar de crescer e de ganhar peso com a idade, havendo um colosso que num Jardim Zoológico na Alemanha chegou a pesar 4,5 toneladas e medir para cima de 3 metros de comprimento.

Ainda que ‘revestido’ da nomenclatura que lhe é dada desde a Antiguidade, o hipopótamo em nada se relaciona com equíneos em termos de Evolução; mais tem a ver com suínos e cetáceos.

Em tempos idos o hipopótamo permeava o habitat de rios e lagos em praticamente todo o continente africano. Hoje em dia o ‘cavalo do rio” surge com maior abundância em zonas da África Oriental e Austral. Tal como muitos mamíferos agrega-se em grupos, de uma a poucas dezenas de animais, onde não falta um macho alfa a dominar a cena.

Só recentemente a ciência confirmou o que muitos de tempos idos teriam reconhecido: o hipopótamo é autêntico conservador do equilíbrio ecológico de zonas aquíferas onde ‘mantém residência’; isto porque como herbívoro os seus excrementos acabam por servir de fertilizante para plantas aquáticas e servem também de cadeia de alimentos para certas espécies de peixe.

Mais: a sua corpulência e o momento dos seus movimentos tanto à superfície, como no leito de rio ou lago, acaba por livrar este de plantas de célere proliferação, como o jacinto de água (hyacinth); planta que originou na América do Sul e que sendo invasiva chega a causar a estagnação de zonas fluviais e lacustres em muitas outras longitudes.

No seu ‘veraneio’ por terra firme o hipopótamo pode galgar distâncias apreciáveis. Para agricultores de zonas próximas a rio ou lago, onde ‘residam’ hipopótamos, essa vizinhança pode resultar em avultados estragos de colheitas, como por exemplo, em campos de milho. Ao bambolear a sua densa e volumosa corpulência por esses campos, o hipopótamo abre autênticas avenidas no milheiral.

Tal como no caso do elefante, o número de Hippopotamus Amphibius vai diminuindo com a imparável caça furtiva que em África também tem por alvo os seus enormes dentes de marfim, embora de um tipo mais dúctil daquele do elefante.

O hipopótamo tem, todavia, um amigo que o não deixa: o búfago-de-bico-vermelho não se furta a acompanhá-lo; pássaro que mantém convivência com o hipopótamo, tanto parasítica como mutualista. Parasítica porque ao fazer sangrar com o bico a espessa carapaça do hipopótamo, o que não parece afectá-lo, atrai insectos de que se alimenta; mutualista porque o hipopótamo assim se vê livre desses insectos – exemplo claro da chamada proto cooperação na Natureza!

Créditos Imagem:

Unsplash Free Photos – Catherine Marlin; Birger Strahl; Sachin Mittal; Wade Lambert; Leif Linding e Greg Flessing

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