No dia em que fiz 12 anos, ofereceram-me uma máquina fotográfica; foi para a época, uma prenda invulgar, que despertou em mim uma paixão para toda a vida: a da magia da imagem e do momento.
Nos anos 40, como calculam era uma máquina tipo caixa, de madeira, e forrada a couro preto, destinada a tirar fotografias de médio formato, de tamanho 6×6 cm; tinha uma lente fixa e dois visores translúcidos para permitir enquadrar nos formatos paisagem ou retrato; tinha foco fixo, regulado para uma distância intermédia, e duas velocidades de obturação, instantâneo e pose.
Estas maquinas de caixa, tinham sido poucos anos antes inventadas per uma figura mítica da história da fotografia, George Eastman, que as baptizou de “Kodak”; o nome tornou-se tão popular que se dizia: “eu tenho uma Kodak”, mesmo quando a máquina que se tinha, fosse de outra marca qualquer…
Entusiasmado e curioso como era, um ano depois não só tirava como já revelava as minhas fotografias, à noite, apenas com a presença duma ténue luz vermelha, já que os filmes da época eram ortocromáticos e não sensíveis a essa cor.
Tinha primeiro de se obter uma imagem negativa, que depois de fixada e seca, permitia fazer a fotografia positiva em papel sensível, por prensagem directa ou ajustada num ampliador. Claro que estou a falar em imagens a preto e branco, ou melhor, em tons de cinza, porque a cor só chegaria à fotografia duas décadas depois.
A fotografia é, para alguns eleitos, uma arte, mas esse fotógrafo que o meu tempo criou, cedeu o seu lugar ao editor e ao gráfico da moderna fotografia sensorial. Mas em estado puro, fotografia será sempre o mais valioso documento de qualquer história.
E aqui esta o meu pensamento da semana:
Nada como um álbum de fotografias, para se dar conta de quem já cá não está, por razão do tempo, ou por amor da vida.
E é no mesmo álbum e na mesma altura,
que quem falta… volta à vida !
O “Caixote” fotográfico