Desde logo vos digo, que o título não se refere apenas ao cair da folha do admirável mundo vegetal, que por vezes tão pouco valorizamos, mas também à folha que é igualmente a vida humana.
De fato o cair a folha, contrariando o que se pensa, é uma fase bem sábia da natureza e, em ambos os domínios, porque não representa morte, mas sim a renovação, que ela, a natureza, bem sabe ser a única forma de continuidade , de restauração sem repetição, de remodelação com revitalização.
No mundo verde, o cair da folha dá lugar a uma transição soberba, quase mágica, que nem a todos agrada, por mostrar despidos os troncos que as folhas escondiam e, dessa forma nos revelam conformações imprevisíveis, desenhando até fantasmas quando a noite desce, que geram silêncio e espalham tristeza.
Mas logo após isso, em cada dia o quadro muda, até que, quase a medo, a primeira folhinha nasce, verde-água, débil, mas anunciando uma nova roupagem, que vai ganhar espessura e escurecer, sem que a mão de nada o faça, mas apenas o sublime querer da natureza.
Com essa folha chega uma sombra renovada, cheia de intenções, prenhe de esperanças, senhora da sua missão, pronta a garantir a sequência dessa árvore e, com a nova semente que transporta, garantir que uma outra árvore a seu tempo surja alargando a floresta…
A queda da folha anterior conduz dessa forma à vida de novas folhas e sombras, que irão encantar outros olhos. Um ciclo se completa, para que outro chegue, e o renove.
Pela mesma razão se assiste ao cair da folha Humana; quem parte garante dessa forma espaço, para alguém que chega, com a missão indispensável de mudar, de transformar, de recriar, ou de repor porque não, se tal estiver no seu destino.
O vento e o tempo se encarregam de fazer cair ambas as fôlhas…
De formas diferentes, ou até iguais: por sopro inesperado, ou por desgaste natural do mesmo tempo.
Partirão ambas as folhas, com o mesmo sentimento?
Não responda tão depressa…
Há tanta coisa que afinal ainda não sabemos…!
Aqui fica o meu pensamento sobre o assunto:
“Partir, é deixar espaço…”