O jornalista Dmitry Muratov foi atacado, na carruagem do comboio onde seguia, com tinta vermelha e ficou ferido.
Dmitry Muratov, após um ataque de pessoas desconhecidas quando viajava de comboio, foi examinado por médicos em Samara. Foi-lhe diagnosticado uma queimadura nos olhos e na conjuntiva, a córnea está intacta, relata a Novaya Gazeta.
O jornalista e vencedor do prémio Nobel da Paz, Dmitry Muratov, já tinha dito que fora vítima de um agressor que lhe lançou tinta vermelha sobre os olhos causando-lhe irritação na visão.
De acordo com o editor da Novaya Gazeta, o ataque ocorreu numa composição que ligava Moscovo a Samara.
“Eles derramaram tinta a óleo com acetona no compartimento. Os meus olhos ardem terrivelmente. Comboio Moscou-Samara. Cheira a óleo em todo o lado. A partida já foi atrasada em 30 minutos. Vou tentar lavar os olhos”, escreveu no canal de Telegram da publicação, onde adiantou, também, que o agressor gritou “Muratov, esta é pelos nossos rapazes”.
O jornalista ainda revelou imagens do compartimento da carruagem manchado de tinta vermelha por todo o lado.
Um jornal livre que Putin apagou da órbita dos leitores russos
O Novaya Gazeta Europe, é um projeto online lançado pela redação do jornal que suspendeu as suas publicações na semana passada, após grande pressão do Kremlin.
O Novaya Gazeta é um dos jornais independentes da Rússia que teve de suspender a 28 de março a todas as suas publicações durante o que chamou, entre aspas de citação, a “operação especial” na Ucrânia, termo que as autoridades russas querem que se use para referir a guerra na Ucrânia.
O jornal foi o último grande meio de comunicação independente a criticar o Governo de Vladimir Putin, após vários outros terem também encerrado ou visto os seus sítios de internet serem bloqueados desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O alto representante da União Europeia para a Política Externa e Segurança, Josep Borrel, já afirmou ser “inaceitável” o ataque sofrido por Muratov.
“Isto é completamente inaceitável e um ataque à segurança dos jornalistas e à liberdade dos meios de comunicação na Rússia”, escreveu Borrell no Twitter.
Em 2021, Dmitry Muratov partilhou o prémio Nobel da Paz com a jornalista filipina Maria Ressa.