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Duplo F
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Necessidade e Habituação…

Estas duas palavras podem ter uma surpreendente e perigosa ligação, como vamos ver.

Dei comigo a pensar, eu que tanto alerto para o vício dos ecrãs, que essa habituação já não é afinal nova, bem pelo contrário vem de longe, do tempo do relógio de pulso, quando ele era peça indispensável do vestuário diário.

Tinha doze anos quando recebi como oferta, o meu primeiro relógio de pulso, no início da década de quarente do século XX; era um bom relógio, “Roamer”, marca Suíça, País que ao tempo liderava a indústria de relojoaria Mundial.

Era uma companhia necessária, porque cumprir rigorosamente um horário, combinado, Pará um encontro, ruma reunião, uma aula, um treino desportivo, uma refeição, era ponto de honra para todos; na Terra em que vivia, a pontualidade Britânica era regra indiscutível, e sinal de até boa educação.

Havia relógios bons, melhores, e os menos bons, mas isso não servia de desculpa que tosse aceite, para quem  falhasse  um compromisso.

Aprendia-se a ver as horas bem cedo, não no mostrador do Relógio, mas num modelo de cartão, com os números bem colocados na sua posição circular, e dois lápis a servir de ponteiros… e era trigo limpo.

Para um jovem desse tempo, receber um relógio era sinal de promoção ao estágio imediato, porque todos os adultos o usavam, no pulso ou na bolsa, ou ainda no próprio bolso, neste caso com uma corrente fixada no cinto, para se não perder.

Na primeira noite quase não dormi, acordando hora a hora, para ver se o relógio estava a funcionar…

Era preciso, dar corda ao relógio com frequência, para o manter em funcionamento; só vinte anos depois da data que indico é que apareceram os relógios que funcionavam com os gestos do andar, e finalmente os de bateria, que hoje, como se sabe, dominam.

Os relógios que surgiram por necessidade, na sequência da preocupação do homem em calcular a hora do dia, que começou pela observação da posição da sombra duma vara vertical que o sol projectava, tornaram-se um fascínio.

A numeração dos relógios começou por ser Romana, e passou depois a alatina ou até apenas pontual.

E chegámos aquilo que eu queria realçar:  o tal relógio, r: apidamente passou de objecto útil, para peça indispensável, e olhar o seu mostrador numerado, saltou de necessidade para vício: viam-se as horas mesmo  quando não era preciso, e f:icava-se perdido quando se sentia a sua falta.

E quantas vezes por isso se punha o relógio no pulso, até antes de vestir qualquer peça de roupa…

É essa a proximidade perigosa entre a necessidade de ter um relógio, e o vício de olhar constantemente para o seu ecrã numerado…

Estão a ver hoje não estão?

O meu pensamento sobre o tema:

“A necessidade força uma         

  viciosa habituação” 

Créditos Imagem:

Mike Baker In Unsplash

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