“Não sinto nada além de um grande vazio”

Anastasia ou Nastya para os amigos, perdeu os pais, o gato e a casa. Em Setembro já tinha perdido o noivo, militar na frente de combate. Agora perdeu tudo o resto…

Ganhou fama mundial devido à foto viral onde espera sentada que a resgatem dos destroços do apartamento no sétimo andar onde vivia com os pais. A sobrevivente foi salva muitas horas depois pelos bombeiros e segurava nas mãos uma decoração de Natal. As imagens desta desconhecida correram mundo.

Shvets Anastasia Maksimivna, é costureira e tem 23 anos. Em setembro perdeu o noivo que defendia o país na frente de combate da guerra russa contra a Ucrânia.

As fotos de uma rapariga sem calças, ferida, sentada em destroços, sobrevivente do ataque do míssel russo contra um prédio de nove andares, em Dnipro, tornou-se viral.

A jovem é Nastya eas imagens dela agarrada a um brinquedo e a uma decoração de Ano Novo como lembrança do que restou da casa, enquanto os socorristas a salvam, deixa qualquer pessoa com um pingo de humanidade de coração partido.

Quando o míssil rebentou com o prédio, em Dnipro, Nastya estava na cama e ficou coberta pela porta do quarto que saltou do lugar para cima dela.

Os pais, Natalia Shvets e o marido Maksym, morreram sob os escombros.

A mãe de Nastya era funcionária de um banco e voluntária na AFU e numa associação de animais.

Todos os colegas e amigos do casal deixaram condolências no perfil de Nastya… a mãe era uma senhora muito acarinhada pelo seu amor pelos animais.

A sobrevivente já se manifestou nas redes sociais

“Não tenho palavras, não tenho emoções, não sinto nada além de um grande vazio por dentro”, escreveu no seu Instagram onde já tinha chorado a morte do noivo há três meses.

“Eu não vivi, mas existi o tempo todo, tentando aceitar que meu valente Vlad, Photik para os irmãos, e  Gato para mim não estão mais lá… Senti que ele me protegeu”, relata sobre o seu estimado gato preto.

Nastya conta como de repente se deu a explosão e ficou “coberta com a porta do quarto, parte da cozinha estava no quarto, a banheira, a cozinha, corredor e a despensa.”

“Através de uma brecha vejo a outra parte da entrada, a entrada da casa de outra pessoa. A porta manteve-me quase inteira, apesar da ferida na minha cabeça e das minhas pernas nuas magoadas.”

“Não sei onde estão os meus pais. Dizem-me que foram vistos vivos. Tenho a certeza que foi na cozinha que desapareceu. Eu não queria escapar, eu só queria encontrar os meus pais.”

A jovem conta como no meio da tragédia lhe veio à memória “piadas tontas do pai, hoje, enquanto eu e a mãe estávamos a tirar fotografias a cães bebés. Estávamos a comer o esparguete feito pela mãe.”

Anastácia ainda vai ter um longo caminho pela frente a nível emocional. Está de rastos, sem objetivos, sem família, sem casa, sem nada.

“Tornei-me popular mesmo não querendo, quase todo o público vai ao meu perfil publicar e apareço em fotografias por todo o lado. E eu só quero ir para os meus pais. Toda eu sou dor”, escreve, e conclui com uma pergunta: “Será que eu existo de todo?”

Os amigos de Nastya estão a pedir doações para a ajudarem a voltar a ter um teto e a recuperar alguma da sua vida. Sem noivo, sem pais, sem gato e em outra casa.