Tony Carreira criticou a “tática” da amnésia por parte dos arguidos e reforçou que “nada vai mudar as saudades que tenho da minha filha”
Durante a pausa do almoço, na segunda sessão do julgamento da morte de Sara Carreira, o pai Tony Carreira disse aos jornalistas que “nada vai mudar as saudades que eu tenho da minha filha. Nada vai mudar a situação que há que é uma tragédia. Não venho para aqui com o intuito de me vingar de ninguém, absolutamente ninguém”, explicou.
Tony Carreira defende que “do outro lado da maioria dos arguidos não há uma percentagem mínima de humanidade” e ainda reforça que “aquilo que aconteceu com eles podia ter acontecido comigo podia acontecer com qualquer um. No mínimo é simplesmente assumir aquilo que aconteceu com todos os erros”.
E ainda criticou o modo como alguns arguidos respondem em tribunal: “Optaram por uma teoria com uma tática de advogados que é a amnésia”.
Tony Carreira acusa o condutor do primeiro carro, envolvido no acidente que matou a filha, Sara Carreira, de mentir em tribunal sobre a velocidade a que seguia.
À chegada a tribunal para o segundo dia de julgamento, o cantor disse ainda que não se referia a Ivo Lucas quando, esta terça-feira, falou sobre mentiras e amnésia.
“Tentem ir a 28 à hora para perceberem, mais ou menos, que estão parados”, disse o pai de Sara Carreira. “Ele chega aqui e diz que ia a 80 à hora. Portanto, isso são mentiras. É isso que eu quis dizer.”
O cantor sublinhou que o acidente não envolveu só Ivo Lucas
Nas primeiras duas sessões de julgamento do acidente que levou à morte da cantora Sara Carreira, foram lançadas dúvidas sobre as provas que levaram à acusação de Ivo Lucas, Paulo Neves, Cristina Branco e Tiago Pacheco. Tony Carreira, que se constituiu como assistente, pediu que haja mais “humanidade” nos seus testemunhos e critica a “táctica” de amnésia assumida por alguns destes arguidos
Acusações de “amnésia” táctica, constantes dúvidas sobre a velocidade dos veículos envolvidos no acidente em cadeia na A1 e uma interrogação de Tony Carreira: “Porque é que o teste de álcool foi feito cinco horas depois do acidente?”.
As contradições adensaram-se nos primeiros dois dias do julgamento de Sara Carreira, com arguidos a contrariarem a versão do Ministério Público e a insistirem que não se lembram dos detalhes do acidente.
O pai de Sara Carreira, que tem assistido ao julgamento com a ex-mulher Fernanda Antunes, disse sentir-se “desiludido”.
Paulo Neves negou repetidamente que, na noite do acidente, estaria a circular na faixa da direita na A1 a uma média de 30 km/h antes de o carro onde estava Cristina Branco colidir com o seu, como consta na perícia da GNR ao acidente.
Já relativamente à taxa de alcoolemia que lhe foi feita após o acidente e que indicou que estaria a conduzir com 1,18 gramas por litro de sangue (acima por permitido por lei – 0,5 gramas por litro), Paulo Neves disse “ter que aceitar” o resultado do teste, já que tinha estado com “dois colegas a lanchar, a beber vinho e a comer queijo”. “Conscientemente eu pensava que estava bem”.
Mas os contornos deste teste à taxa de alcoolemia estiveram nestes dias de julgamento envoltos em controvérsia. Paulo Neves só o realizou entre quatro a cinco horas depois do acidente no hospital, sendo que essa demora pode ter influenciado o resultado, sugeriu o cantor Tony Carreira esta terça-feira. “Pergunte à GNR porque o teste de álcool foi feito 5 horas depois do acidente”, disse.
Fernanda Antunes, mãe de Sara, ex-mulher de Tony esteve grande parte do tempo de cabeça baixa e sempre de óculos de sol. Tony Carreira e Fernanda Antunes abandonaram a sala de audiências durante descrição pormenorizada sobre corpo da filha.