Quer com isto dizer o povo, que nada é perfeito. E, de facto, assim é, a começar por nós próprios, o que a muitos custa a aceitar; mas é a mais verdadeira das verdades da vida.
Quando a expressão foi criada, referia-se, injustamente, apenas à Mulher, e o significado pretendido, era alertar para que mesmo a mais formosa e atrativa das mulheres, aquela até que parecia perfeita da ponta dos cabelos aos delicados dedos dos pés, lá teria algum defeito, mesmo que se não se visse.
Disse e repito, que era injusto ser apenas à figura da mulher que se apontava tal verdade, e fi-lo correndo o risco de pensarem: lá está ele mais uma vez a defendê-la! Mas não o digo para fazer um figurão, sim por absoluta convicção: É que nada é perfeito, muito menos o ser humano, seja qual for o sexo que lhe tenha cabido.
Por essa razão a expressão “Não há bela sem senão”, rapidamente passou a ser uma advertência geral, usada em relação a tudo, um aviso ao incauto, que é facilmente atraído pelo aspecto, e que não cuida do que está no interior, e se não vê.
A todos nós isso acontece, num tropismo que temos, para acreditar nas carências, e comprar à primeira vista, sem cuidar em encontrar o tal senão. E a beleza tem sempre duas faces, a exterior e a interior; essa beleza interior não envelhece, dura por vida, e embora só se manifeste silenciosamente, distingue positivamente quem a tem.
É essa é a que fica, porque a outra, a tal visível , o tempo se encarrega, impiedosamente, de a diluir ou desfazer.
Mas bem prega Frei Tomás…
Quem é que não deita o olho aquilo que é bonito, ou que bonito lhe pareça, mesmo que tenha o seu senão?
E aqui está o meu pensamento sobre o assunto:
“Se houvesse Bela sem senão, não havia Bela que chegasse!”