Pela primeira vez, Ricardo Salgado, de 77 anos, decidiu estar presente em tribunal. Defesa e arguido entraram pela porta do cavalo para não serem abordados pelos jornalistas. O Ministério Público pediu 10 anos de prisão para o ex-banqueiro.
Hoje, dia 8, terça-feira, são feitas as alegações finais do julgamento do ex-banqueiro no processo extraído da Operação Marquês. Ricardo Salgado é acusado de três crimes de abuso de confiança nas transferências de mais de 10 milhões de euros no âmbito da Operação Marquês, do qual o atual processo foi separado.
“Eu não estou em condições de prestar declarações”, foram as palavras de Ricardo Salgado em tribunal, quando foi questionado pelo juiz sobre se se queria falar. “Foi-me atribuída uma doença de Alzheimer”, rematou.
Na verdade, os advogados do ex-banqueiro apresentaram em outubro um atestado médico de que Salgado padecia de Alzheimer, tendo em vista a suspensão do julgamento, mas não conseguiram já que o tribunal recusou o pedido.
Nas alegações finais e, sobre as transferências de dinheiro, o Ministério Público afiançou que os movimentos com origem na Espírito Santo Enterprises, o saco azul, não eram feitas a título de empréstimo a Ricardo salgado tal como a defesa alegou na produção de prova.
O MP garante que não só não havia contratos de mútuo (empréstimo) como também havia documentos “forjados” para justificar empréstimos que não seriam mais do que uma forma de Ricardo Salgado ficar com os fundos.
Acusação diz que o pedido com “elevadíssimos montantes de que se apropriou”, (entre 2 e os 4 milhões de euros) quantias que “95% da população portuguesa não conseguirá auferir durante uma vida de trabalho”, e isso deve ser muito valorado no caso.
O MP sublinhou que o ex-banqueiro tinha uma obrigação especial de não cometer estes crimes, por ser administrador do grupo, e alega que da parte de Salgado foi “manifestamente egoísta dada a condição económica de que gozava”.
Os procuradores referem a ausência de arrependimento e de reparação de danos, bem como o facto de Salgado ter forjado justificações para as transferências de fundos feitas a seu favor.