Na vida uns aguentam melhor que os outros
A vida é uma caminhada que uns aguentam melhor que outros.
Todos, a um dado momento, estão cansados, mas disfarçam como podem. Quem vai bem calçado, não repara quase nunca, que há quem caminhe descalço.
Mas na verdade nem sempre é desvantajoso estar descalço, porque se sente com mais intensidade as irregularidades do caminho, e se aprende a torná-las.
A água é essencial, mesmo que bebida do ribeiro; a comida, para quem a tem, nem tanto, porque, demais, entrava o movimento; e é preciso chegar escorreito ao fim do percurso.
Correr muito, embora pareça solução, leva, tarde ou cedo, a tropeçar; parar à espera de ajuda pode resultar em ficar parado para sempre.
Andar de mãos dadas é uma boa opção, dividem-se esforços e comungam-se decisões; olhar para longe é perigoso, porque o risco, é por próximo que está; mas se olhar para muito perto, não terá um rumo.
Não pense em quanto falta do caminho, porque não será por isso que ele aumenta ou diminui. Respire fundo de vez em quando, e esteja noutra, isso faz retomar o equilíbrio e até mitiga o correr do tempo.
Não olhe para quem vai à frente, mas para quem vai atrás; e haverá sempre quem esteja nessas duas posições; concentre-se na sua, vá pelo seu carreirinho, não siga a trilha comum só porque os outros o fazem.
De vez em quando pare também para pensar; recorde o que de bom já viu e, sentiu e passou; prometa não voltar a escorregar, como aqui ou ali aconteceu; pense principalmente que não há caminho que não tenha fim, e que esse fim é, para além do seu desiderato, também a sua libertação;
Chegará na altura própria, na sua altura e não noutra, e se não fez o percurso como queria, fez o que foi possível, e a verdade é que o conseguiu completar: Chegou mesmo!
Poderá não ter satisfeito o seu sonho, mas cumpriu o mais importante, a sua missão.
