A morte repentina de Navalny no recreio da prisão onde se encontrava detido está a colocar os russos em alvoroço. Mais de 100 pessoas já foram detidas em protestos e vigílias por Navalny na Rússia.
A informação é avançada pela organização não governamental (ONG) russa OVD-Info, que acompanha as detenções no país.Das 101 detenções, a maioria (64) ocorreu na cidade de São Petersburgo. Seguem-se as cidades de Nizhny Novgorod (15) e Moscovo (11). Há ainda registo de detenções noutras cidades como Taganrod, Briansk, Krasnodar, Tver e Belgorod.
Ao longo da noite, tributos florais a Navalny colocados junto a vários memoriais foram removidos por grupos de desconhecidos enquanto a polícia observava, revelam vídeos e fotografias colocados nas redes sociais.
Em Moscovo, os tributos foram retirados de um memorial junto à sede dos serviços de segurança russos, mas de manhã já havia novamente flores no local.
Hoje, a polícia bloqueou o acesso a um memorial na cidade siberiana de Novosibirsk e deteve várias pessoas, segundo a OVD-Info.
Na sexta-feira, a mesma ONG informou que um jovem com um cartaz onde se lia “Assassinos” foi detido perto de um monumento a vítimas da repressão política na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no centro de Moscovo.
Outra moscovita foi levada para a esquadra policial quando protestava em frente ao Muro da Dor, erigido na avenida Sakharov, batizado com o nome do dissidente soviético e prémio Nobel da Paz Andrei Sakharov, físico nuclear. A jovem brandia um cartaz com a frase “Hoje morreu Alexei Navalny”.
Alexei Navalny, de 47 anos, morreu na sexta-feira numa prisão do Ártico para onde tinha sido transferido em dezembro para cumprir uma pena de 19 anos sob “regime especial”, segundo o serviço penitenciário federal da Rússia.
Ter-se-á sentido mal depois de uma caminhada, entrou em paragem cardiorrespiratória e os médicos da prisão e os dos serviços de socorro que acorreram à prisão não conseguiram reanimá-lo. Curiosamente, Navalny esteve no dia anterior muito bem disposto de de boa saúde numa video conferência com o tibunal.
TODOS DIZEM QUE A CULPA É DE PUTIN!
As reações não tardaram e a mulher de Navalny, Yulia Navalny, disse em Munique que “se for verdade, quero que Putin, a sua comitiva, os amigos de Putin e o seu governo saibam que serão responsabilizados pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. E esse dia chegará muito em breve.”
A própria mãe de Navalny diz que ele estava saudável e feliz quando o viu na última segunda-feira.
Na verdade, no dia anterior à sua morte falou em vídeo para o tribunal e estava muito bem disposto e bem de saúde.
“Obviamente, ele foi morto por Putin, como milhares de outras pessoas torturadas, torturadas por causa deste ser”, afirmou Zelenskyy sobre a morte de Aleksei Navalny.
Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, culpa a Rússia pela morte de Navalny. “O medo de um homem apenas representa a fraqueza e a podridão no coração do sistema que Putin construiu. A Rússia é responsável por isto”, comentou.
Ursula von der Leyen foi das primeiras a reagir à notícia da morte. “Profundamente perturbada e entristecida com a notícia da morte de Alexei Navalny. Putin não teme nada mais do que a dissidência do seu próprio povo. Um lembrete sombrio do que são Putin e o seu regime. Vamos unir-nos na nossa luta para salvaguardar a liberdade e a segurança daqueles que se atrevem a enfrentar a autocracia.”
Já o russo ex-campeão de Xadrez, Garry Kasparov foi mais longe: “Putin tentou e não conseguiu assassinar Navalny rápida e secretamente com veneno, e agora assassinou-o lenta e publicamente na prisão. Ele foi morto por expor Putin e sua máfia como os bandidos e ladrões que são. Meus pensamentos estão com a esposa e os filhos do corajoso homem.”
Até João Cravinho reagiu rápido: “Presto homenagem a Alexei Navalny, que resistiu ao regime de Putin e lutou pela democracia na Rússia. Putin, que exerceu o seu poder arbitrário prendendo-o em circunstâncias cada vez mais draconianas, é responsável pela sua morte. Condolências à família e ao povo russo.”
O Secretário-Geral da OTAN Jens Stoltenberg disse estar profundamente triste e perturbado com os relatos da morte do líder da oposição russa preso, Alexei Navalny.
O Governo britânico informou a embaixada da Rússia que considera as autoridades russas “totalmente responsáveis” pela morte do opositor do Kremlin Alexei Navalny.
O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, manifestou a sua dor pela morte, na prisão, do líder da oposição russo, Alexei Navalny.
“Lamento muito, esperava que isto se resolvesse de outra forma, mas em vez disso esta notícia surpreende-nos e enche-nos de dor”, frisou Parolin, questionado antes de entrar numa igreja em Roma para celebrar uma missa.
Segundo o Vatican News, Parolin soube da morte de Navalny pelas notícias e garantiu que é muito cedo para saber se este acontecimento muda a posição da Santa Sé em relação à Rússia: “É prematuro dizer estas coisas. Acabamos de descobrir”.