Passava o ano de 1976 e um dos meus hábitos como repórter fotográfico era o de trazer sempre comigo a máquina fotográfica.
Naquele tempo usava uma Nikon F , completamente analógica e toda manual.
Aproveitava todos os trajetos que fazia a pé para – sempre que achasse algo curioso ou que me surpreendesse – fotografava.
Nem sempre as condições de luz eram as melhores mas o objetivo era registar tudo aquilo que me sensibilizava.
Certo dia, circulando perto do Casa Pia, em Lisboa, avistei o vulto de uma mulher, sentada no chão, encostada a um muro, bem alto, da cor do cimento e toda vestida de negro.
Aquela “mancha” tocou os meus sentidos e não resisti a apontar a tele objetiva para fotografar a mulher. Apercebendo-se disso a cigana, mulher madura colocou a mão direita na cara tapando assim o rosto.
E assim fiz a “MULHER SEM ROSTO”.
Marques Valentim