O Papa Emérito Bento XVI, importante teólogo do século XX e o primeiro papa a renunciar ao cargo em quase 600 anos, morreu aos 95 anos, anunciou o Vaticano.
A morte foi anunciada esta manhã (31 de Dezembro) em Roma. Ratzinger faleceu aos 95 anos num mosteiro isolado no Vaticano onde esteve a viver desde que abandonou o cargo, disse um porta-voz da Santa Sé.
Os sinos dobraram na pequena Cidade do Vaticano enquanto a notícia da morte se espalhava para os fiéis de todo o Mundo.
A missa fúnebre vai ser realizada a 5 de janeiro de 2023, na Praça de São Pedro, informou o Vaticano.
O diretor da comunicação de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, disse hoje, 31 de dezembro: “Com pesar, informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 no mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano”.
O corpo de Bento XVI será velado na Basílica de São Pedro a partir de 2 de janeiro de 2023.
Bento XVI, nascido Joseph Aloisius Ratzinger na Alemanha em 1927, foi um pontífice profundamente conservador, cujo mandato foi ofuscado por escândalos de abuso sexual na Igreja. Aposentaou-se devido a doença mas deixou um papado por vezes dividido.
Uma investigação alemã publicada em janeiro de 2022 disse que Bento não agiu contra quatro padres acusados de abuso sexual infantil quando era arcebispo de Munique.
Filho de um policia, Ratzinger cresceu na zona rural da Baviera e aos 14 anos ingressou na Juventude Hitleriana, por exigência, e serviu no exército alemão na segunda guerra mundial. No final da guerra, desertou e foi brevemente mantido como prisioneiro de guerra pelas forças americanas.
Mais tarde, tornou-se numa figura importante no Vaticano e, como Cardeal Ratzinger, serviu como braço direito de seu predecessor, o Papa João Paulo II. Chefiou a Congregação para a Doutrina da Fé, um departamento do Vaticano conhecido como Inquisição, durante 24 anos, cargo que lhe rendeu o apelido de “Rottweiler de Deus”.
Durante o seu papado surgiram alegações de abuso sexual clerical e de que os encobriria. Os seus críticos disseram que Ratzinger não conseguiu entender a gravidade dos crimes e a escala da crise, que atingiu o auge vários anos depois de ele ter sido eleito papa em abril de 2005.
Além da enorme carga de denúncias, ações judiciais e relatórios oficiais relacionados a abusos sexuais e à cumplicidade dos padres em encobri-los, o Vaticano também foi abalado pelo roubo de documentos confidenciais, muitos dos quais apareceram posteriormente em denúncias de suposta corrupção.
Em outubro de 2012, um tribunal do Vaticano condenou o mordomo pessoal do papa, Paolo Gabriele, por roubar os papéis. Ele disse no julgamento que estava agindo contra “o mal e a corrupção”.
Benedict era um conservador teológico, mantendo posições intransigentes sobre homossexualidade e contracepção. Opôs-se fortemente à teologia da libertação, um movimento radical que começou na América do Sul na década de 1960 e defendia o ativismo social clerical entre os pobres e marginalizados.
A sua repentina renúncia, aos 85 anos, em fevereiro de 2013, colocou-o como o primeiro papa a fazê-lo desde a idade média. Na época disse que não tinha forças para continuar como líder dos estimados 1,2 bilhão de católicos do mundo.
“Tive que reconhecer minha incapacidade de cumprir adequadamente o ministério que me foi confiado”, disse ele.
A morte de Bento põe fim a um período sem precedentes na história recente em que dois papas coexistiram, uma situação que tem causado tensões entre campos rivais no Vaticano.
O Mundo católico está agora de luto e chora a morte do seu anterior Papa.