A filha do ator afirmou que o pai já apresentava sinais de muito fadiga nos últimos meses e estes sintomas eram consequências de problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020. Nessa altura o ator esteve três meses internado e precisou de aparelhos para respirar.
“De uns meses para cá, ele começou a ficar muito cansado. O AVC foi tomando conta dele, apresentava alguns sinais, como a tensão muito baixa. Nos últimos dias, ele passou mal, mas nada de muito grave”, explicou.
“A morte dele foi muito calma, muito bonita. Eu estava ao lado dele e foi como se ele estivesse indo dormir. Foi muito calmo. Apesar dele ser um grande ator dramático, não teve nada de drama nesse momento. Foi muito calmo”, comentou Catarina.
O ator brasileiro era muito acarinhado e foi um dos maiores atores da sua geração. Ficou conhecido por trabalhos marcantes em novelas como “O bem-amado” (1973) e as primeiras versões de “Pecado capital” (1975) e “Sinhá Moça” (1986).
Para Catarina, o principal legado que o pai deixa para as próximas gerações é a importância em manter a vontade de aprender. Segundo ela, mesmo aos 88 anos, ele ainda tinha “fome de conhecimento”.
“Eu tenho duas vias de legado que ele deixa. O primeiro legado do homem público, do artista, que sempre se posicionou, que nunca deixou passar nada sem ser dar opinião. Uma pessoa que sempre valorizou o estudo. Fica para as próximas gerações esse ensinamento. Da importância de se preparar, de ter fome de conhecimento. De nunca estar satisfeito e sempre correr atrás dos objetivos”, disse a filha de Milton.
Além da brilhante trajetória artística, Milton também venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros, como lembrou o filho e também ator Mauricio Gonçalves
O filho de Milton Gonçalves, o também ator Maurício Gonçalves, lembrou que o pai venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros.
Maurício disse que sempre teve o pai como herói. Quando criança, quando viu a personagem Zelão das Asas a voar na novela ficou ainda mais impressionado.
“Ele sempre voou e gerou esses frutos. A gente tenta fazer o melhor possível, a gente tenta honrar essa memória do meu pai. A gente tenta fazer o melhor, mas é lutar para tentar chegar perto”, disse Maurício.
“O legado do homem foi maior que o legado público. Tudo que ele se propôs a fazer, ele fez com maestria. Como filho, como irmão, como pai, como amigo. Sempre uma pessoa que se dedicou ao máximo. E isso agora está a traduzir-se na enxurrada de mensagens que estamos a receber. Ele espalhava alegria por onde passava”, completou.