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Os visitantes, fãs do turismo industrial parado com a invasão russa, ficaram fascinados

Minas de sal de Soledar eram atrativo destino turístico

 |  Alexandra Ferreira  | 

Porque estas minas conseguem esconder desde tanques a munições e até aos próprios homens. Toda esta zona é muito rica em minerais e recursos naturais.

As catacumbas de sal de Soledar pertencem à empresa estatal Artemsil, que dominou o mercado de sal ucraniano até interromper a produção alguns meses após a invasão da Rússia.

Quem visitou as minas de sal saiu de lá fascinado.

A viagem de comboio de Kiev leva cerca de 12 horas e depois mais 45 minutos de táxi da estação ferroviária de Soledar até a mina. Soledar é uma pequena cidade no leste da Ucrânia. A mina por fora não faz juz ao seu interior. Alguns prédios antigos. Um par de stands que vendem esculturas em sal… 

É como entrar noutro mundo. As vistas dentro da mina são deslumbrantes, o chão, as paredes e os tetos são todos feitos de sal. A mina é o fundo de um antigo mar que existia há 250 milhões de anos. Apenas alguns túneis são abertos ao público.

O local costumava ser um sanatório onde as pessoas podiam passar algumas semanas para recuperar a saúde. Pois o ar da mina é famoso por suas propriedades curativas para todo o corpo.

As minas chegam a ter profundidades de 200 a 300 metros e túneis com quilómetros de comprimento num total 300 quilómetros.

Atualmente, com a guerra estas minas de sal servem para armazenar munições, tanques, armas, mísseis e abrigar homens, tudo fora do alcance do fogo do inimigo.

Os EUA chegaram a afirmar que Prigozhin – dono do grupo terrorista Wagner e com a cabeça a prémio – queria assumir o controle do sal das minas de Soledar a dez quilómetros de Bakhmut. E, pelo que diz, parece mesmo já o ter conseguido.

Prigozhin já falou das “cidades subterrâneas” de Bakhmut, dizendo que elas podem esconder tropas e tanques.

Turismo de paisagem industrial está na moda

Donbass já era uma região fragilizada pela guerra separatista. Com a invasão russa ficou ainda mais destruída.

Na verdade, o turismo industrial estava em expansão no Donbass onde existem muitos projetos turísticos que celebram a cultura, a história e a paisagem industrial.

Antes de fevereiro de 2022, a região oferecia aos turistas pontos geológicos de interesse, minas abandonadas e em operação, fábricas abandonadas, novas herdades mergulhados na cultura local e onde qualquer amante da natureza tem à disposição do olhar paisagens infindas.

Agora, o turismo está parado. A guerra não permite abrir a porta destas cavernas aos turistas.

O “turismo industrial” não é a mesma coisa que férias na praia ou passeios turísticos mas os fãs são cada vez mais.

A sugestão mais viável para o turista aventureiro é encontrar um bom guia que conheça bem a história da região ou um entusiasta local. São a melhor companhia e nunca se perdem pois conhecem o fascinante cenário geológico da região como a palma das suas mãos.

Interessante conhecer o turismo geológico no oblast de Donetsk, uma área relativamente pequena onde existem rochas de quase todas as eras geológicas, desde os granitos mais antigos até maciços alcalinos únicos.

A região foi rica em fenómenos naturais e décadas de exploração humana.

É considerada por muitos como uma região única e foram muitos os europeus ocidentais atraídos por esta zona tão rica. Investidores industriais contribuíram muito para o desenvolvimento local. A maior cidade da região de Donetsk – Donetsk foi fundada pelo engenheiro industrial galês John James Hughes no final do século XIX.

A mina de gesso, um labirinto de corredores, situados em diferentes cotas, abandonadas após a extração do gesso, é qualquer coisa de magnífico para se visitar. Os túneis deste labirinto têm entre 7 e 12 metros de largura e podem atingir até 6,5 metros de altura. Diz-se que têm 7 quilómetros de comprimento.

Na rede de galerias das cavernas estão ‘lagos’ com 4 metros de profundidade.

Tudo isto que está escondido está mal explorado. A indústria do turismo estava a crescer forte nestas rotas fascinantes, diferentes e, por vezes até, radicais.

A mina de sal de Soledar ex sanatório espeleológico subterrâneo…

Segundo agências de turismo de Donetsk, “na zona histórica da produção local de sal, entra-se num elevador que leva o visitante até 300 metros de profundidade.”

As galerias subterrâneas aqui são muito espaçosas e é muito conhecido o festival de música filarmónica que nele se realiza. Até um estádio de futebol e uma igreja e esculturas de sal.

Já é tradição do início do século 20 transformarem estas instalações industriais em espaços que também espelham a cultura da região.

“Sinfonia do Sal”, o sanatório espeleológico localizado na mina de sal, é procurado por centenas de pessoas. Foi afectado por restrições relacionadas à pandemia. Possivelmente agora também com a guerra.

O sanatório está temporariamente fechado por causa da guerra e é feito de algumas celas com cortinas e pelo menos duas camas. Pode-se pedir uma cela para relaxar durante a visita. A temperatura na mina é constante em 14 ou 15 graus Celsius.

As pessoas hospedavam-se algumas semanas na Sinfonia do Sal na esperança de tratar problemas respiratórios.

Os clientes passam o tempo no subsolo a ver filmes, jogar xadrez, a fazer exercícios em grupo, a jogar ‘ping-pong’ a ler livros e a relaxar no bar local.

Mas nem só de sal vive esta zona que também se tornou famosa na produção de vinho espumante.

A produtora local de espumante possibilita aos visitantes acompanharem todo o ciclo de produção do vinho espumante, além de passeios pelas históricas galerias subterrâneas, que ficam 72 metros abaixo da superfície.

 

 

 

Créditos Imagem:

Wikipédia; Discover Ukraine; Ukraine Travel Guide; Zorge_Richar.livejournal.com

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