Todos se lembram da foto do Dnipro, onde um homem aponta uma lanterna para a rua do 9º andar a acender e a apagar. Com a outra mão, ele bloqueava uma artéria da cabeça da mulher que se estava a esvair em sangue.
Ambos estão salvos e a mulher está hospitalizada em recuperação dos ferimentos. Os socorristas levaram três horas até os conseguirem resgatar daquilo que sobrava do nono andar.
Evgeny Botvinov é médico cirurgião e sobreviveu milagrosamente ao ataque do míssil que fez derrocar o prédio de nove andares em Dnipro.
A foto dele no último andar do prédio destruído com uma lanterna nas mãos, a acender e apagar, para avisar os socorristas que estava vivo e precisava de ajuda, correu mundo.
O médico contou como ficou preso no apartamento junto com a mulher ferida.
“Quando o míssil atingiu o prédio disse logo à minha mulher: ‘Agarra nos documentos e vamos correr pelas escadas até à rua”, disse, acrescentando: “Levou-nos um minuto alcançá-los. Mas quando quisémos sair pela porta para as escadas vimos que tinham desaparecido. Evaporaram”, diz.
Evgeny e a mulher, Olha Botvinov, estavam presos no último andar ou o que restava dele e ela tinha um grave ferimento na cabeça.
“Eu acendia e apagava a minha lanterna da janela da cozinha para sinalizar que estava vivo e os socorristas me vissem rápido. Estava convencido que os vizinhos estariam todos a fazer a mesma coisa dos seus apartamentos. Só mais tarde me apercebi que fui o único a sinalizar-me com uma lanterna. Talvez pelo facto de eu não estar ferido gravemente, tinha só umas escoriações na cabeça”, contou Evgeny.
O médico estancou a artéria da cabeça da mulhor como odia, enrolando uma ligadura e apertando-a para travar o sangue.
“As pessoas feridas não conseguem trepar até uma janela para se sinalizarem. Eu vi a minha mulher a sangrar muito de uma das têmporas e tratei-a o melhor que pude. Ela perdeu imenso sangue porque o resgate foi muito demorado e levou horas até conseguirem chegar até nós e levá-la para o hospital”, explicou o cirurgião.
Yulia Sotsenko, amiga chegada de Olha, contou que estava muito frio no apartamento onde o casal estava pois havia corte de energia. Foi quando Evgeny disse a Olha: ‘Vamos deitar-nos para ficarmos mais quentes’. Ainda mal se tinahm enfiado debaixo dos cobertores quando se deu uma enorme explosão”, relatou Yulia ao Radio Free Europe.
“Olha estava a sangrar imenso mas graças a Deus o marido é cirurgião e soube tratar dela e salvá-la. Quando tentei falar com ela no dia seguinte, Olha não se recordava de nada. É um milagre estar viva, já está estabilizada e a recuperar”, rematou.
O casal mudou-se de Donetsk, em 2014, e foi para Kherson. No início deste mês, foi a Kherson buscar todas as coisas que lá tinha para Dnipro para onde se mudaram durante a ocupação russa.
Olha Botvinov é psicóloga. O casal perdeu tudo o que tinha a 14 de janeiro quando um míssil russo atingiu em cheio o prédio onde habitavam em Dnipro.
Os amigos lançaram um ‘crowfunding’ para lhes darem algum apoio financeiro.