“Estive numa situação limite. Hoje estou completamente curada”, disse a jornalista em entrevista a Manuel Luís Goucha, na TVI.
Judite Sousa, de 59 anos, falou abertamente sobre a morte do filho em conversa com Goucha, na tarde de quinta-feira, aliás, primeira grande entrevista desde que regressou à televisão, há cinco meses, para integrar a equipa da CNN Portugal.
Numa das questões de Goucha sobre se Judite alguma vez pensou colocar termo à vida, a jornalista respondeu com sinceridade.“Sim, houve uma situação que foi pública até. A morte de um filho tem uma dimensão distinta das outras mortes, nesses casos as pessoas caem numa situação limite, como aconteceu comigo”.
“Hoje estou completamente curada. Nessa conversa que tive há cinco meses com o meu terapeuta, ele disse: ‘Está impecável, pode seguir.’ Não pensava de todo voltar à televisão. Estava bem, tinha 58 anos, em casa, confortável, via as séries todas da Netflix e viajei”, rematou.
A jornalista começou por falar sobre os dois anos e meio em que esteve afastada do jornalismo. Diz que durante esse período fez o luto do filho, André, que morreu em junho de 2014.
“Quando o André morreu ninguém, nem mesmo os médicos, me disse que tinha de parar de trabalhar para fazer o luto do meu filho. Disseram que devia voltar a trabalhar para me salvar. Vim a perceber mais tarde que o luto devia ter sido feito nessa altura, acabei por fazê-lo nestes últimos três anos”, afirmou.
Judite falou da personalidade carismática de André. “Era um ser excecional. Fui muito exigente com ele. Disse-lhe sempre: ‘Tens de ser grande, tens de ter boas notas, ser bom aluno, para teres oportunidades de trabalho que te satisfaçam’. Ele era brilhante, mas tinha de ser exigente com ele”.
E continuou: “Ele viveu intensamente e muito. Viajou por mais de 50 países. Tínhamos uma coisa muito engraçada, contávamos os países que tínhamos visitado e ele estava sempre à minha frente. Depois de terminar Erasmus, foi viajar durante três meses pela América Latina, por isso é que ele estava à minha frente. Tinha centenas de amigos, muito sociável, nesse aspeto era muito diferente de mim, mais parecido com o pai. Tinha um grande sentido de humor”.
São os amigos de André, que ela diz serem os verdadeiros amigos atualmente.
“Os meus melhores amigos são estes jovens. Muitos amigos que me acompanhavam há 40 anos viraram-me as costas. Não aguentaram as minhas lágrimas. Só posso ter piedade em relação a essas pessoas. Voltaram-me as costas quando eu estava doente, deprimida. Estava com uma depressão grave”, lamentou.