“Ir a banhos”

Desde que as praias Portuguesas foram classificadas como das melhores da Europa, tanto as continentais como as Insulares, meio mundo, deste preocupado continente, vem a banhos ao Reino dos Algarves, como o classificou o nosso primeiro Afonso, que também era Henriques, após a sua conquista, e em tempos que já lá vão.

Com isso se perdeu, nesta precisa época estival, no litoral sul, a graça de ouvir falar português com todas as pronúncias da nossa riquíssima língua, desde à moda do Minho, passando pelo carismático sotaque do Porto, até ao suave C de Viseu, ou ao jeito do cante alentejano; e marfado ficou o Algarvio, por não arranjar lugar fácil na sua própria água, nem espaço na branca e limpa areia de que tanto se orgulha.  O que se ouve agora, é de facto, o oblíquo Inglês, o arrevesado Alemão, o clássico Francês,  e até as línguas menos aqui ouvidas, dos países nórdicos, incluindo já fora, o gracioso falar da terra do Pai Natal.

Como o Lusitano é pau para toda a colher, lá se vai arranjando, sendo justo dizer que a nova Geração fala na perfeição a língua de Shakespeare, que muitos dizem não saber exactamente quem foi, mas de que se orgulham e com razão, os que nasceram lá para os lados do o canal de Mancha, onde a Grande Bretanha se situa. Que diferença em relação à minha geração, e às anteriores, é ver um jovem ‘tuga’ a falar cm mimo e perfeição, o tal Inglês.

Porque é que gostam eles afinal, os tais visitantes europeus, de vir a banhos, cá para baixo?

Bom: do melhor clima da Europa, do areal limpo e das águas a à temperatura invejável, de comida como pouca outra, da simpatia para dar e vender, de preço bem acessível para os seus proventos, bebida fresquinha, vinho de alto nível, diversão pela noite fora, boas instalações, uma aceitação branda dos pequenos excessos, e uma convivência aberta e franca.

E gostam também das “bolas de Berlim” que se vendem aos milhares, calcorreando o areal escaldante, com clientes garantidos e ansiosos; bolas de Berlim que nada têm a ver com a capital Alemã, como tive um dia ocasião de lá o perguntar, e confirmar.

Quando partem… marcam lugar para o ano seguinte. E é lotação esgotada, quantas vezes!

E entre ficar “marfado” por isso, e fazer as continhas, o Algarvio aceita o mais conveniente…pois então!

O meu pensamento sobre o tema:

“Praia é saúde; mar é grandeza…

Nisso, o nosso cantinho é único!”