Já aqui falámos do Dia de São Martinho; adientemos hoje um pouco mais sobre aquele que é um dos
tradicionais sectores da Economia de muitos países: a produção, venda no mercado interno e a exportação de vinho.
Os abstémios bem podem atribuir culpas aos Romanos, cuja bebida preferida era o vinho em mistura
com um pouco de água (a fazer torcer certamente o nariz a connaisseurs). A cerveja era a bebida preferida dos chamados povos ‘bárbaros’ do norte europeu, ainda que os romanos só passassem a
preferir o vinho à cerveja depois da derrota de Hannibal e consequente conquista de Cartago, onde o
vinho já era bebida de eleição. A longa história da produção do vinho, porém, remonta a vários milhares de anos A.C., particularmente no Egipto e na Pérsia.
Com a conquista da Gália por Júlio César, esta passou a ser um dos principais mercados de importação de vinho produzido na península itálica. Nos dias que correm a França serve de origem a algumas das mais emblemáticas marcas tradicionais de vinho, mas pergunta-se: haverá na Europa país algum que da qualidade das suas marcas do suco de uva fermentado se não vanglorie…
No hemisfério sul são seis (6) os principais países produtores de vinho: a Austrália, a Argentina, Chile,
Brasil, Uruguay e a África do Sul.
A Austrália tem chamado a si o principal mercado de exportação vinícola do hemisfério sul, ainda que só em 1788 das mãos do seu governador James Busby, considerado ‘o pai da indústria vinícola do país’, lhe tivessem chegado as primeiras cepas.
As suas principais regiões vinícolas situam-se na faixa oriental que se estende de Queensland, New
South Wales e Victoria à vastíssima mas pouco conhecida ilha a sul (com para cima do dobro da
superfície da Bélgica) – a Tasmânia.
Com 850 e mais milhões de litros de vinhos de várias marcas exportados anualmente, a Austrália tem figurado nos cinco primeiro lugares do mercado vinícola mundial. Trata-se de outro exemplo da relevância deste sector para muitas Economias, em termos de postos de trabalho, produção, exportação e turismo, assim como de contributo para o Produto Interno Bruto.
Na América do Sul, o país que desde há séculos se destacou na produção e exportação vinícola foi o
Chile, ainda que hoje em dia a produção vinícola argentina será a de maior relevância. No Vale Uco, na
região argentina de Mendoza, cultivam-se as videiras a maior altitude de todo o continente sul americano (a 900-1200 metros acima do nível médio do mar).
No Chile, foi no século XVI que ali chegaram espanhóis; ao notarem as suas propícias condições
climáticas deram início a uma cultura vinícola 70% da qual, actualmente, é exportada para centena e
meia de países. Em 2018 o total das exportações do sector vinícola chileno seria semelhante ao da
Austrália, sendo da ordem dos 800 e muitos milhões de litros que trouxeram ao Erário o equivalente a
US$ 2 mil milhões.
No Brasil, onde a região de São Roque é conhecida como epicentro de produção vinícola paulista (se
bem que já nos anos 70 vinhos de boa venda no mercado também fossem de origem chilena), não deixa de haver aqueles de origem portuguesa, francesa e italiana com o seu histórico niche no mercado de Terras da Santa Cruz. Hoje em dia o Brasil chama a si crescente produção vinícola, a terceira maior da América Latin; a região da Serra Gaúcha no Estado do Rio Grande do Sul sendo a principal produtora, onde imigrantes italianos chegaram em 1875 e ali se entregaram a essa actividade tradicional das suas raízes.
Assim estamos chegados à principal produção vinícola de todo o continente africano, a da província sul-africana do Cabo Ocidental – a abordar numa próxima crónica.