Esta é a fórmula da água, H2O, sendo que no meu tempo se usava escrever “OH2”, o que em nada altera, claro, a sua composição: cada molécula com um átomo de Oxigénio e dois de Hidrogénio.
Encontramo-nos com a água, todos os dias, e de formas bem diferentes, por necessidade da própria vida.
O meu tema de hoje vai ser a água, já que sob a forma de chuva, por aqui felizmente ela caiu; a propósito disso, venho também falar da insatisfação humana, que se mostra por tudo e por nada, e até a cada instante da mesma vida.
Há pouco tempo, lamentava o País inteiro, estar em seca extrema, ou perto; tudo o que era gente previa o pior e pedia água. No mínimo, expressavam quase todos, a sua preocupação de vir a não a ter para o que fosse necessário.
Culpava-se principalmente a natureza, o homem não, como se ela, a Natureza, devesse obedecer aos desejos do predador e não o contrário; e grupos de entendidos debitavam soluções; mas palavras não são obras, mas apenas intenções, e a chuva tardava.
E de repente ela chega, com água, em catadupas.
E os mesmos que poucos dias antes por ela tanto imploravam, e não outros, os mesmos, perante o que o tempo lhes trouxera, respondendo afinal aos seus desejos, já diziam: Aqui del rei que cai chuva a mais, assim também não, mas que chatice!
E no muro de lamentações que logo se montou, colocaram as inundações e os despistes, os estragos e os incómodos, etecetera e tal, chegando até, com raiva incontida, a dizer “maldita chuva”.
Ao homem, a esse, é que pouco se atribuia dos estragos e desgraças, talvez evitáveis, mas não evitados…
A mudança de cenário leva à pergunta: Em que é que ficamos então?
No inverno contam-se os dias para que chegue o calor, sem se aproveitar a beleza da neve, o aconchego duma lareira, ou mais modestamente o conforto dum saco de água quente e dum bom livro, no silêncio da casa e sem a balbúrdia da rua que o verão oferece.
A chuva e o sol são necessários à vida, e curiosamente, se é verdade que podemos, embora não devamos viver longos períodos sem sol, sem a tal água não sobrevivemos certamente.
Que bom que era que tudo nos viesse ter à mão na quantidade e na forma que nós queremos; mas não é isso que acontece, bem se sabe, e estou em querer que assim sucede para tornar a Vida uma constante renovação e aprendizagem, com relâmpagos e trovões, “dilúvios” e secas, e com momentos de fartura que estão lá, para lembrar que também há fome.
Aprender e prevenir, saber lidar com a tal natureza que nos comanda, e que não obedece naturalmente a desejos pessoais, não lhe ocupando os caminhos do seu normal funcionamento, será certamente uma forma de não ter de lamentar o evitável. A convivência saudável, diz que cabe a cada um a sua parte.
Sabemos todos isso, mas estranha é a natureza humana, que só quer o que não tem, nem sempre fazendo por isso, ou pior ainda, nem sabendo bem, muitas vezes, o que realmente quer.
Mas ontem como hoje, e seguramente amanhã…assim será.
Sobre a chuva… o meu pensamento:
A chuva tanto causa lágrimas, como gera pão…