“Acabo uma relação de 11 anos e o que é que me sinto? Uma merda” – Foi assim que Manuel Luís Goucha reagiu ao tema da violência doméstica numa entrevista dada a Carolina Deslandes.
O apresentador foi o primeiro entrevistado de Carolina Deslandes no seu novo podcast ‘A Duas Vozes’ e na qual falou da depressão que superou há 30 anos com a ajuda da psicanálise.
“Uma das causas da minha vida é a violência doméstica”
O apresentador lembrou um relacionamento anterior muito tóxico que terminou ao fim de 11 anos e que o deixou num estado depressivo.
“Na altura em que saí de uma relação, que teve qualquer coisa de toxicidade… A relação foi maravilhosa porque a pessoa com quem vivi fez-me redescobrir o prazer da pesquisa, porque vivi com alguém que tinha possibilidades de me fornecer todo o tipo de informações, dossiers sobre convidados que eu ia ter n’A Praça da Alegria'”, lembra.
“Quando se escuta um companheiro de vida a dizer ‘tu és uma merda, só és bom porque eu estou aqui’ acabas por interiorizar. É a violência verbal que entronca na violência psicológica. Acabo uma relação de 11 anos e o que é que me sinto? Uma merda. Como é que agora vou avançar?”
“Ao mesmo tempo estás a fazer um programa de televisão chamado ‘Momentos de Glória’, na TVI, que é um grande programa, um grande projeto, entrevisto vedetas internacionais do cinema (…), mas não tive a humildade de dizer ‘não vou ser capaz, não tenho estrutura intelectual, nem a dimensão cultural para poder entrevistar estas pessoas’. Disse que sim, o programa não era visto em todo o país, fui arrasado nas críticas”, explica o comunicador.
“Tudo isto fez com que fosse ao fundo do poço, pensei no pior, entre num estado depressivo”, conta, afirmando que encontrou a salvação de que precisava na psicanálise, tendo recorrido à mesma especialista que trabalhava com Teresa Guilherme.
Hoje, Goucha chama a atenção para a importância de se estar atento a todos os sinais de violência num relacionamento, que não passam apenas pelas agressões físicas, mas também pelas verbais.
Quer reduzir trabalho televisivo em 2025
“Penso seriamente, daqui a um ano, não renovar o meu contrato”, disse Goucha na entrevista onde também falou dos planos que tem para o seu futuro enquanto comunicador.
“Penso seriamente daqui a um ano não renovar o meu contrato, porque o meu contrato termina daqui a ano e meio, um ano e 10 meses, a 31 de dezembro de 2024, e eu, sinceramente, não quero fazer mais programas diários, porque acho que há uma outra vida para além da televisão, que eu só descubro aos fins de semana quando estou no monte [no Alentejo] ou quando viajo”, começa por argumentar Goucha, que atualmente apresenta um formato homónimo nas tardes da TVI.
“O meu dilema neste momento é: será que eu estou capaz de deixar a televisão a tempo inteiro? Posso fazer semanal, posso produzir, posso ser autor de um programa de televisão semanal que me apeteça fazer”, questiona-se.
Uma coisa sabe: “não quero ter programas diários a partir de 2025”.
Goucha revelou que o seu “contrato acaba para o ano”, mas que era para ter terminado no passado dia 31 de dezembro.
“Estava na disposição de não fazer mais, mas pediram-me e eu disse ‘está bem'”, sublinha.
Goucha tem um desejo para realizar em breve: “Eu quero no dia 1 de janeiro de 2025 estar na cabana do Pai Natal, para estar com o próprio, porque é um sonho adiado há mais 30 anos”.