O foto jornalista ucraniano Maks Levin foi executado a sangue-frio” por russos, diz a ONG Repórteres sem Fronteiras.
O foto jornalista ucraniano Maks Levin, cujo corpo sem vida foi encontrado em abril, a 20 quilómetros a norte de Kyiv, foi “executado a sangue-frio” por tropas russas, avançou a organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
A última fotografia que publicou no Facebook foi a 12 de Março e dizia
“A linha de frente no norte de Kyiv corre ao longo da linha de defesa de Kyiv durante a Segunda Guerra Mundial.
Lugares onde o exército ucraniano está agora, há bunkers do exército soviético durante a defesa de Kyiv em 1941.
Do outro lado do rio Irpin estavam as tropas da Alemanha nazista. Agora está o exército russo.”
Legenda da Foto: “Forças ucranianas perto do bunker destruído da Segunda Guerra Mundial, não muito longe de Demydiv, região de Kyiv, 11 de março de 2022”.
Num relatório publicado hoje após uma investigação, a RSF considera provado que Levin e um amigo, o soldado Oleksiy Chernyshov foram executados por soldados russos a 13 de março numa floresta perto da cidade de Doshchun, provavelmente depois de interrogados e torturados.
Christophe Deloire, secretário-geral da ONG, afirmou que “num contexto de guerra fortemente marcado pela propaganda e censura do Kremlin, Maks Levin e o seu amigo pagaram com a vida a sua luta por uma informação verdadeira”.
“Devemos-lhes a verdade. E vamos lutar para identificar e encontrar aqueles que os executaram”, garantiu Deloire.
As investigações foram realizadas entre 24 de maio e 3 de junho pelo chefe da área de investigação da RSF, Arnaud Froger, e pelo fotojornalista de guerra francês Patrick Chauvel, que havia trabalhado com Levin em Donbass no final de fevereiro.
Quando a invasão russa da Ucrânia começou, em 24 de fevereiro, Levin, de 40 anos, entrou em contacto com um grupo de soldados ucranianos que ele conhecia desde 2014, quando cobriu o conflito na região separatista de Donbass.
A 10 de março, o foto jornalista perdeu um drone que usava para tirar fotos na floresta perto de Doshchun. Quando voltou, três dias depois, a área já estava parcialmente ocupada por tropas russas.
Apesar do risco, o foto jornalista e o amigo militar ucraniano foram procurar o drone, convencidos de que as últimas imagens que havia captado eram muito importantes.
Froger e Chauvel viajaram até Doshchun semanas depois dos militares russos se retirarem da região e reconstituíram a cena do crime com vários objetos que localizaram, incluindo possíveis vestígios de ADN dos soldados.
A investigação encontrou 14 buracos de bala nos destroços do carro de Levin e Chernyshov, que foi incendiado e abandonado no local.
Nove dessas provas, assim como as fotografias que Chauvel tirou, foram entregues aos investigadores ucranianos encarregados de esclarecer as circunstâncias da morte.
O ministro da Cultura ucraniano, Oleksandr Tkachenko, disse em 06 de junho que desde o início da invasão russa, já tinham morrido 32 jornalistas no conflito.
O último foi Fréderic Leclerc-Imhoff, que trabalhava para o canal de notícias BFMTV. O jornalista francês morreu num ataque que atingiu uma caravana humanitária na parte oriental da Ucrânia, a 30 de maio.