O Festival está intimamente associado ao trabalho de Constança Capdeville. Festival CriaSons anuncia novos espetáculos em Lisboa, na Biblioteca de Marvila e, no O’Culto da Ajuda, durante Janeiro e Fevereiro, com entrada gratuita.
Está de regresso o Festival CriaSons, um dos principais eventos nacionais dedicados à música erudita. Assumindo, desde 2011, a missão de promover e divulgar a criação contemporânea, o CriaSons aposta na reabilitação de um género performativo muito impactante para a cultura musical nacional da segunda metade do século XX: o Teatro-Música.
Na reabilitação do género performativo do Teatro-Música, o CriaSons fá- lo-á homenageando o seu arquétipo, Constança Capdeville (1937-1992), a compositora, pianista e pedagoga portuguesa responsável por cunhar esse termo, por vezes erroneamente confundido com a expressão teatro musical.
No que respeita à programação, o festival promete continuar a tradição de inovação apresentando 3 novos programas que desafiam as fronteiras entre a música e o teatro, proporcionando ao público experiências culturais ricas e diversificadas.
Concebido e organizado por Musicamera Produções, o Festival CriaSons reuniu até hoje, grandes nomes da criação musical nacional – António Vitorino de Almeida, Alejandro Erlich Oliva, Alexandre Delgado, Amílcar Vasques Dias, Mário Laginha, Eurico Carrapatoso, Cândido Lima, Pedro Caldeira Cabral, Carlos Azevedo, António Pinho Vargas, Fernando Lapa, entre outros, – com grandes intérpretes colectivos – Opus Ensemble, Quarteto Lopes Graça, Quarteto Artzen, Kinetix Duo, Duo Contracello, Ensemble Musicamerata, e individuais, levando a criação musical contemporânea portuguesa a palcos por todo o país e estrangeiro.
Datas dos espectáculos
21 de Janeiro de 2024, 19h00 | Biblioteca de Marvila, Lisboa
“Pensar é estar doente dos olhos”
A Pessoa de fato (do qual não se sabe o nome) está claramente a passar por um momento difícil que não é especificado (e que não tem necessidade de o ser), e passa por várias fases de reação emocional à mesma.
Todo o drama se passa na mente desta pessoa e isso é algo visível no seu espaço envolvente, que se deteriora pouco a pouco, estando diretamente ligado ao seu estado emocional. O público é levado por um leque de sentimentos que vão desde a tristeza, a raiva, à apatia, sem nunca perceber ao certo o que levou a estas emoções. Esta é uma pequena viagem que pretende a aceitação e normalização do nosso ser emocional enquanto humanos.
O conceito dramático geral da peça é uma alternância entre os momentos nos quais que a música fixa o tempo teatral (momentos operáticos, próximos das Arias tradicionais), momentos puramente teatrais (sem música), e outros momentos também de natureza teatral, mas para os quais é proposto um material musical mas sem duração fixa. Para os últimos dois, o texto e a cena guiam o tempo de modo a oferecer uma possibilidade criativa maior para a encenação.
Criação musical – Rui Antunes
Barítono – Diogo Mendes
Violoncelo – Catherine Strynckx
“Vivos até à morte”
Vivos até à morte é uma criação operática para barítono, três bailarinos e quarteto de cordas, com música de João Ricardo e libreto conseguido a partir de registos e relatos de vítimas da Inquisição de Alenquer, recolhidos e compilados por Rosário Costa e reorganizados pelo compositor.
A obra pretende explorar uma das páginas negras da humanidade através de uma abordagem quase absurda entre várias dualidades: opressor e oprimido, real e inventado, sério e sarcástico, inocente e culpado.
Como forma de homenagem, os nomes de múltiplas pessoas acusadas, evidenciados entre os registos bibliográficos, são transpostos em micro e macroestrutura das secções, e os crimes de que são acusados – heresia, blasfémia, solicitação, feitiçaria, superstição, fingimento, engano, judaísmo – ilustram-se na temática dos episódios da criação musical.
Criação musical – João Ricardo
Texto – Rosário Costa
Quarteto Lopes-Graça
Barítono / narrador – Diogo Mendes
Encenação – Élio Correia
Direção Musical – Brian MacKay
Iluminista – Anabela Gaspar
Video – André Roma
9 e 11 de Fevereiro de 2024, 19h30 | O’Culto da Ajuda, Lisboa
“Ópera π”
Num café (em Paris) dois personagens dialogam entre si sobre o que é fundamental na criação artística. Um deles representa a racionalidade, a objetividade, o plano; o outro representa a intuição pura, a visceralidade do momento de criação.
Na sua discussão vão apresentando argumentos, dúvidas, sugestões. Chegarão a um consenso? Quem irá prevalecer? O espetáculo será realizado num cenário de café, onde, além do elenco, estarão sentados elementos do público (8 a 10 pessoas); estes participantes involuntários assistirão in loco à ação podendo ser convocados para alguma interação.
Música – João Pedro Oliveira
Texto – Miguel Mesquita da Cunha / João Pedro Oliveira
Encenação – Élio Correia
Direção Musical – Brian MacKay
Iluminação – Anabela Gaspar
Soprano – Patrícia Silveira
Barítono – Luís Rendas Pereira
Duo Contracello
24 de Fevereiro de 2024, 19h00 | Biblioteca de Marvila, Lisboa
“Árvore Metálica e Outras Histórias”
“Árvore Metálica e Outras Histórias” é uma obra escrita em 1986 e foi estreada nos Encontros de Música Contemporânea pelos Metais de Lisboa, grupo a quem a obra é dedicada. Tem 6 intérpretes (Trompetes. Trompa e Trombones). A exploração da desmontagem física dos instrumentos com reflexos na execução é a ideia central deste trabalho. No total fixa-se em cerca de 8 minutos.
Carlos Alberto Augusto
“ Acinesia/Akinesis ” para viola, eletrónica e voz
Intérprete – Jorge Alves
“A Observação do Tempo/Observing Time” para tarola, eletrónica e voz
Intérprete – Andrés Perez
Constança Capdeville “Ámen por uma Ausência” para contrabaixo
Intérprete – Pedro Wallenstein
Paulo Brandão “Árvore Metálica” p ara Sexteto de Metais , mesa e “spare parts”
Intérpretes
Adriano Franco, Daniel Tapadinhas (trompetes)
Sebastião Pereira (trompa)
Renato Serra, Alexandre Vilela (trombones)
Filipe Carvalho (tuba)
Direção – João Paulo Fernandes
Criação Musical / Cénica – Paulo Brandão e Carlos Alberto Augusto