Abel Arreiol infernizou Maria Teresa Passos durante um ano, depois tirou-lhe a vida deixando dois filhos menores órfãos.
A SegueNews teve acesso à acusação do Ministério Público que revela uma faceta muito maléfica do ex-treinador de futebol dos juniores do Nacional da Madeira que tirou a vida à ex-mulher no penúltimo dia de 2020, nas Romeiras, Funchal.
O julgamento está marcado para dia 7 de Dezembro e Abel Arreiol vai responder por crime de homicídio qualificado, e crime de violência doméstica por alegadamente ter infligido maus tratos a Maria Teresa Passos, ex-mulher, que deixa dois filhos órfãos.
A SegueNews sabe por fontes familiares que nenhum dos filhos “quer visitar o pai” e que toda a família quer ver Abel Arreiol atrás das grades “até ao fim da sua vida“. A irmã de Teresa, Paixão Passos, considera Abel Arreiol, “um verdadeiro monstro“. Os irmãos e pais da vítima pedem em uníssono: “Queremos justiça!“
Os filhos de Teresa estão a ser criados pelo tio com a ajuda dos avós maternos. “Toda a família tem ajudado para que os meninos não sofram mais do que já sofreram. Está tudo bem. Eles não querem ver o pai. Estão no seu direito”, disse-nos a mesma fonte familiar.
– Personalidade com faceta negra –
O arguido, que se encontra preso, tem 57 anos e era delegado comercial mas, durante muito tempo,
treinou as camadas jovens do Clube Desportivo Nacional, da Madeira.
De acordo com quem o conhecia, as suas qualidades pessoais e profissionais eram muito apreciadas.
Porém, na acusação do Ministério Público revela-se a faceta mais negra de Abel Arreiol no que toca ao relacionamento com a ex-mulher, muito querida pelos vizinhos, família e todos que a conheciam de perto.
O despacho da procuradora da República, Sara Barroso, dá a conhecer que o casal teve uma relação conjugal com mais de 25 anos da qual nasceram dois filhos, à atualidade, ainda menores. O “arguido sempre tratou a ofendida de forma humilhante”, proferindo expressões insultuosas, “mesmo à frente dos filhos e de família alargada”.
Com a degradação da relação o relacionamento conjugal teve fim em Fevereiro de 2019. Porém, apesar de separados, ambos os cônjuges continuaram a habitar o apartamento das Romeiras. A 22 de Novembro de 2019, Maria Teresa deu entrada a um processo no tribunal de família e menores para que lhe fosse atribuída a casa.
O inferno da vítima começou nesse exato momento e durou um ano.
– O inferno de Teresa durou um ano –
De acordo com o Ministério Público, desde essa data que Abel Arreiol de tudo fez “para a ofendida sair de casa” – danificava-lhe as fardas de trabalho, conspurcava-lhe a roupa depois de estarem lavadas, não deixava a ofendida usar os eletrodomésticos, obrigava-a a dormir no chão ou no sofá da sala, não permitia que a vitima dormisse na cama do filho mais novo porque tinha “sido ele a comprar”.
“O arguido Abel Arreiol não deixava a ofendida descansar de noite, abrindo constantemente as torneiras, abrindo e fechando o circuito elétrico, assistia a pornografia em alto e bom som na TV da sala de estar”, pode ler-se no despacho.
Maria Teresa Passos terá chamado a PSP várias vezes. Foi o que aconteceu a 11 de Março de 2020 quando não conseguiu preparar as refeições dos filhos porque o ex-marido lhe impediu de usar o fogão.
Durante um ano as discussões foram sendo um hábito entre os dois e estavam sempre relacionadas com o apartamento das Romeiras que Maria Teresa pediu ao tribunal para lhe ser atribuído.
Aliás, o arguido disse várias vezes que se a casa fosse atribuída à ex-mulher, a matava. A 22 de Dezembro o tribunal decidiu entregar o apartamento a Maria Teresa Passos.
– Homicídio anunciado –
“Tendo tido conhecimento da sentença no dia 30 de Dezembro de 2020 de manhã, o arguido formulou, nesse momento, o propósito de tirar a vida à ofendida Maria Teresa”, sublinha a acusação.
E foi assim que às 19h30 do mesmo dia, depois de deixar o filhos no treino de futebol, Abel Arreiol dirigiu-se ao apartamento das Romeiras e iniciou um discussão com a ex-mulher tendo depois agarrado numa faca de cozinha golpeando-a.
A vítima ainda pediu ajuda, suplicou e tentou defender-se acabando por sofrer cinco golpes profundos no tórax e abdómen. Os vizinhos, ao ouvirem os gritos aflitos de Teresa, acudiram rapidamente ao apartamento mas o agressor só lhes abriu a porta depois de deixar a ex-mulher estendida no chão da sala.
A vítima foi transportada para o hospital onde acabou por falecer na manhã seguinte.
O arguido, Abel Arreiol, foi impedido pelos vizinhos de fugir no dia da agressão – (Como o SegueNews já escreveu em Janeiro deste ano com declarações dos vizinhos e dos irmãos da vítima) – Foi depois detido pelas autoridades.
Abel Arreiol foi ouvido, dia 31 Dezembro de 2020, em sede de primeiro interrogatório judicial, no Tribunal Judicial da Comarca da Madeira, e ficou em prisão preventiva indiciado pela prática de um crime de homicídio qualificado pela morte da ex-companheira, com uma arma branca, nas Romeiras, em Santo António, Funchal.